{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2014/07/03/philippe-douste-blazy-a-al-qaeda-so-tem-forca-onde-existe-miseria" }, "headline": "Philippe Douste-Blazy: \u0022A Al-Qaeda s\u00f3 tem for\u00e7a onde existe mis\u00e9ria\u0022", "description": "Philippe Douste-Blazy: \u0022A Al-Qaeda s\u00f3 tem for\u00e7a onde existe mis\u00e9ria\u0022", "articleBody": "Restam apenas alguns meses para alcan\u00e7ar os Objetivos de Desenvolvimento do Mil\u00e9nio propostos pelas Na\u00e7\u00f5es Unidas. Para o presidente da UNITAID \u00e9 uma corrida contra o rel\u00f3gio. Esta organiza\u00e7\u00e3o est\u00e1 na vanguarda do financiamento inovador, em especial na luta contra a mal\u00e1ria, tuberculose e SIDA. Philippe Douste-Blazy, ex-ministro do governo franc\u00eas e presidente da UNITAID trabalha incansavelmente e \u00e9 o convidado desta edi\u00e7\u00e3o de Conversa Global.euronews: Mencionei a SIDA, erradic\u00e1-la faz parte dos objetivos do mil\u00e9nio. \u00c9 estranho, dado que j\u00e1 quase n\u00e3o falamos desta doen\u00e7a. Porqu\u00ea?Philippe Douste-Blazy (PDB):\u201cA SIDA \u00e9 uma doen\u00e7a da pobreza e, se me permitir, vou explicar o que fazemos. Queremos erradicar a pobreza extrema, que n\u00e3o p\u00e1ra de aumentar no mundo atual. Mas como fazer para ajudar os mais pobres, com que dinheiro, quando a maioria dos chamados pa\u00edses ricos est\u00e1 mais ou menos \u00e0 beira da fal\u00eancia?* Como pedir um deputado grego, italiano, espanhol, franc\u00eas ou mesmo americano para dar mais dinheiro? Para isso, tivemos uma ideia, chama-se \u201cfinanciamento inovador\u201d. Trata-se de ficar com uma pequena, com uma microsc\u00f3pica contribui\u00e7\u00e3o que n\u00e3o custa nada -1 euro por bilhete de avi\u00e3o, por exemplo \u2013 e que \u00e9 dada a uma organiza\u00e7\u00e3o, a UNITAID\u201d.Se n\u00e3o custa nada, porque \u00e9 que muitos pa\u00edses est\u00e3o reticentes?PDB: N\u00e3o entendo porqu\u00ea. H\u00e1 194 pa\u00edses. 14 introduziram este pequeno sistema \u2013 um euro por bilhete de avi\u00e3o \u2013 e com isso conseguimos angariar mais de 2.000 milh\u00f5es de d\u00f3lares para crian\u00e7as com SIDA. Entre as crian\u00e7as que t\u00eam o a tratamento, 8 em cada 10 recebem tratamento gra\u00e7as a esta pequena ideia.Voltaremos a esta quest\u00e3o do financiamento inovador, mas primeiro queria olhar um pouco a quest\u00e3o da SIDA. Em 2013, h\u00e1 pouco mais de um ano, o ex-presidente franc\u00eas, Jacques Chirac, que tamb\u00e9m \u00e9 fundador da UNITAID, disse que gra\u00e7as \u00e0 UNITAID pod\u00edamos pensar em erradicar a SIDA. Acredita realmente que isso vai ser poss\u00edvel? Se sim, quando?PDB: \u00c9 poss\u00edvel, mas \u00e9 preciso dinheiro. Cada vez que ajudamos os mais pobres, h\u00e1 muitas pessoas que dizem que \u00e9 como tentar regar o deserto ou a areia com \u00e1gua! Mas isso n\u00e3o \u00e9 verdade. Repare no sarampo. Com a vacina, reduzimos em 98% a mortalidade do sarampo. Poder\u00edamos fazer o mesmo com a SIDA.Tomemos um exemplo: as crian\u00e7as que t\u00eam SIDA, tr\u00eas milh\u00f5es em todo o mundo. Apenas 700.000 crian\u00e7as que t\u00eam SIDA s\u00e3o tratadas, porque as abandonamos, porque s\u00e3o as mais pobres. S\u00e3o crian\u00e7as que t\u00eam todos os motivos para serem infelizes. Nascem com SIDA, t\u00eam 50% de probabilidades de morrer antes do segundo ano de vida, v\u00e3o ser \u00f3rf\u00e3s e, em seguida, ser\u00e3o discriminadas, porque t\u00eam a palavra \u201cSIDA\u201d escrita na testa. E n\u00f3s vamos abandon\u00e1-las nas suas aldeias. S\u00e3o essas crian\u00e7as que n\u00f3s queremos ajudar.Com a UNITAID e a Funda\u00e7\u00e3o do Presidente Clinton, fomos capazes de tratar 700 mil, mas ainda temos 2,3 milh\u00f5es de crian\u00e7as a necessitar de tratamentos. Isto n\u00e3o \u00e9 aceit\u00e1vel. \u00c9 uma vergonha para humanidade n\u00e3o encontrar o dinheiro para as tratar.Porqu\u00ea estas tr\u00eas doen\u00e7as (SIDA, mal\u00e1ria, Tuberculose)? \u00c9 uma quest\u00e3o que tem interessado ao nosso p\u00fablico. Recebemos uma quest\u00e3o de algu\u00e9m chamado Amizou Abbas, que pergunta o que \u00e9 que a ONU est\u00e1 a fazer na batalha contra o \u00e9bola, que \u00e9 uma doen\u00e7a mortal?PDB: Na verdade, a UNITAID \u00e9 um laborat\u00f3rio que queria provar que, com contribui\u00e7\u00f5es insignificantes, multiplicadas por milh\u00f5es, ser\u00e1 poss\u00edvel mudar as coisas. Era necess\u00e1rio escolher e, no in\u00edcio, escolhemos o sexto Objetivo do Mil\u00e9nio: Ocombate \u00e0 SIDA, tuberculose e mal\u00e1ria. Poder\u00edamos ter escolhido outra coisa. Agora, j\u00e1 prov\u00e1mos que podemos mudar o mundo se encontrarmos pequenas contribui\u00e7\u00f5es solid\u00e1rias como esta.Mas d\u00e1 muito trabalho convencer os l\u00edderes pol\u00edticos. Porque \u00e9 que n\u00e3o aceitam esta ideia?PDB: Porque acredito que, infelizmente, os chefes de Estado, os pol\u00edticos \u2013 classe de que fiz parte durante muito tempo e sobre a qual n\u00e3o tenho li\u00e7\u00f5es a dar \u2013 pensam demasiadamente a n\u00edvel local. S\u00f3 nos ocupamos das elei\u00e7\u00f5es em casa. Quando \u00e9 presidente da C\u00e2mara de uma cidade, n\u00e3o \u00e9 presidente da C\u00e2mara de outra; quando \u00e9 Presidente de um pa\u00eds, n\u00e3o \u00e9 o Presidente do outro. N\u00e3o nos apercebemos que, hoje, a globaliza\u00e7\u00e3o obriga-nos a pensar em mais coisas. Se queremos que nossos filhos e netos vivam em paz no s\u00e9culo XXI, uma vez que \u00e9 de guerra e de paz que se trata, \u00e9 obviamente necess\u00e1rio tratar dos direitos b\u00e1sicos \u2013 \u00e0 vida, \u00e0 dignidade do homem \u2013 nos lugares mais pobres do mundo. A \u00fanica solu\u00e7\u00e3o s\u00e3o os micro financiamentos como este.Falou do imposto sobre transa\u00e7\u00f5es financeiras na Europa, que est\u00e1 a diluir-se. Receia n\u00e3o ser capaz de angariar os fundos que esperava?PDB: H\u00e1 10 anos, o nosso combate foi por criar uma taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeiras. Disseram-nos todos que isso n\u00e3o iria funcionar. Mas agora, tr\u00eas anos depois, vemos que s\u00e3o cada vez mais os pa\u00edses que acham que \u00e9 uma boa ideia, mas eu percebi o porqu\u00ea. N\u00f3s pens\u00e1vamos que era para os pobres que era necess\u00e1rio enviar o dinheiro recolhido com esta taxa transa\u00e7\u00f5es financeiras. Mas n\u00e3o, os pa\u00edses agora dizem que o dinheiro \u00e9 para equilibrar o or\u00e7amento, para encontrar o dinheiro que os pa\u00edses precisam. Ent\u00e3o, disse aos chefes de Estado: \u201cBem, estamos num per\u00edodo dif\u00edcil, num per\u00edodo de crise, guardem esse dinheiro, mas deem pelo menos 20, 25% para os pa\u00edses mais pobres\u201d. \u00c9 esta, atualmente, a nossa luta. A chanceler Merkel concordou em implementar a taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeiras tal como o primeiro-ministro da \u00c1ustria, mas tamb\u00e9m Espanha, It\u00e1lia, Gr\u00e9cia e Fran\u00e7a j\u00e1 t\u00eam uma taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeiras.E que percentagem vai receber, ent\u00e3o?PDB: Em Fran\u00e7a, s\u00e3o 15%. \u00c9 hist\u00f3rico. O Presidente aceitou que 15% da taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeira v\u00e1 para os pa\u00edses mais pobres.Isso equivale a quanto, em dinheiro?PDB: Por enquanto \u00e9 pouco, 160 milh\u00f5es de euros, mas o mundo ser\u00e1 muito mais inst\u00e1vel se continuarmos a deixar pessoas a ganhar 1 d\u00f3lar por dia. Repare onde \u00e9 que a Al-Qaeda se instala. \u00c9 evidente que s\u00f3 tem for\u00e7a onde existe pobreza extrema, onde existe mis\u00e9ria. Quando temos 17 anos somos mais\u2026 Eu, se tivesse 17/18 anos e visse o meu irm\u00e3o, a minha m\u00e3e, o meu pai e a minha irm\u00e3 mais nova morrerem porque falta 1/2 d\u00f3lar, 50 c\u00eantimos para tratar o paludismo, a mal\u00e1ria \u2013 salvar uma crian\u00e7a custa 1/2 d\u00f3lar \u2013 Ora, se eu descobrir na internet \u2013 que um dia ir\u00e1 chegar ao meio do deserto \u2013 que posso almo\u00e7ar em Paris por 40 euros e que porque falta 1/2 d\u00f3lar o meu irm\u00e3o mais novo morreu, acho que poderia ser manipulado e voltar-me contra o Ocidente.Recebemos esta quest\u00e3o de um grupo que se designa de \u2018Robin Hood\u2019 e continuamos na quest\u00e3o da taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeiras.PDB: CertoRecordo que \u2018Robin Hood\u2019 \u00e9 o Robin dos Bosques, que tamb\u00e9m \u00e9 a alcunha que os ingleses d\u00e3o \u00e0 taxa sobre as transa\u00e7\u00f5es financeiras (taxa Tobin). Este grupo pergunta se h\u00e1 garantias que o dinheiro ir\u00e1 chegar a quem precisa?PDB: Sim, esse \u00e9 precisamente o nosso trabalho. \u00c9 isso, o que expliquei a v\u00e1rios chefes de Estado. \u00c9 necess\u00e1rio dividir a taxa sobre transa\u00e7\u00f5es financeiras. Esperamos que 15, 20, 25%, ir\u00e1 para os pa\u00edses mais pobres. Temos que lutar por isso e, depois, proponho que haja uma divis\u00e3o em dois: uma parte para a sa\u00fade no mundo, entregue a organiza\u00e7\u00f5es multilaterais como a UNITAID, o Fundo Mundial de Luta Contra a SIDA, a tuberculose, a mal\u00e1ria e a outra metade para o ambiente.Tamb\u00e9m defende uma taxa sobre os barris de petr\u00f3leo. Seria uma taxa a cobrar diretamente nos pa\u00edses africanos. Em que ponto est\u00e1 isso?PDB: \u00c9 uma discuss\u00e3o que mantenho com certos chefes de Estado\u2026Pode dizer quais?PDB: Ainda \u00e9 muito cedo. Mas, em primeira m\u00e3o, vou dizer-lhe que, na realidade, a ideia partiu do facto de existirem pa\u00edses africanos que t\u00eam a sorte de ter certos recursos naturais: petr\u00f3leo, minerais e g\u00e1s e que h\u00e1 outros que n\u00e3o t\u00eam nada. Ent\u00e3o, pensei que seria bom para o Estado \u2013 sabe que quando \u00e9 encontrado petr\u00f3leo num pa\u00eds, h\u00e1 uma parte para as empresas e outra para o Estado? \u2013 Desta parte para o Estado, queremos ficar com 5,10,15 c\u00eantimos por barril de petr\u00f3leo, o que permitiria lutar contra uma grave epidemia, que afeta 30% das crian\u00e7as africanas: a malnutri\u00e7\u00e3o cr\u00f3nica.Convenceu-me, mas falou da globaliza\u00e7\u00e3o da solidariedade e \u00e9 triste ver que as pessoas n\u00e3o seguem as suas ideias\u2026PDB: Sim, mas \u00e9 pior do que isso. N\u00e3o h\u00e1 s\u00f3 os pol\u00edticos, tamb\u00e9m existem os meios de comunica\u00e7\u00e3o social. Repare, quando h\u00e1 um acidente com um autocarro em Fran\u00e7a envolvendo crian\u00e7as \u00e9 horr\u00edvel. \u00c9 horr\u00edvel se, por exemplo, 30 dessas crian\u00e7as ficarem feridas ou morrerem. Ser\u00e1 a abertura de todos os telejornais em Fran\u00e7a. E, por outro lado, a cada 3 segundos, uma crian\u00e7a morre no mundo. Repito, a cada 3 segundos morre uma crian\u00e7a v\u00edtima de uma doen\u00e7a que pod\u00edamos evitar ou curar. Por um valor insignificante poder\u00edamos evitar isso. Mas n\u00e3o h\u00e1 nem uma linha nos jornais sobre o assunto, vivemos como se isso n\u00e3o existisse.Uma das pessoas que transformou o mundo em que vivemos foi Bill Gates. \u00c9 um dos homens mais influentes e mais ricos do mundo, apoia a sua funda\u00e7\u00e3o, andam juntos. Qual \u00e9 a li\u00e7\u00e3o mais importante que j\u00e1 aprendeu com ele?PDB: Convidei-o no outro dia para vir a Paris e ele disse uma coisa incr\u00edvel: \u201cTive de esperar mais de 50 anos para compreender que a vida que tinha era uma vida muito interessante obviamente, criei Microsoft, etc\u2026 mas n\u00e3o tinha dado sentido \u00e0 minha vida e agora aqui estou a tentar dar um sentido \u00e0 minha vida\u201d. Acho que toda a gente, tenha ou n\u00e3o trabalho, seja jornalista, m\u00e9dico ou pol\u00edtico, chega a um momento em que tem de dar um sentido \u00e0 sua vida.Referiu a pol\u00edtica, gostaria de pedir-lhe para vestir a pele de ex-pol\u00edtico franc\u00eas porque est\u00e1 bem no cora\u00e7\u00e3o da inova\u00e7\u00e3o, algo que quando olhamos para a Fran\u00e7a parece faltar. H\u00e1 uma necessidade de agitar as coisas, como \u00e9 que pensa ser poss\u00edvel agitar as \u00e1guas ao n\u00edvel econ\u00f3mico para relan\u00e7ar a Fran\u00e7a?PDB: O problema que temos \u00e9 porque n\u00e3o fizemos reformas suficientes. Tivemos medo, porque temos sindicatos que s\u00e3o muito fortes, porque os ses s\u00e3o frequentemente pessoas que adiam um pouco as coisas. At\u00e9 eu, quando estive no governo deveria ter sido mais corajoso, ter feito reformas mais corajosas. \u00c9 isso que nos falta, mas acredito que agora as pessoas t\u00eam vontade de mexer-se, de mudar. Est\u00e3o a ver que pa\u00edses como Espanha, Gr\u00e9cia, It\u00e1lia, depois de terem sido duramente atingidos, est\u00e3o agora a recuperar.J\u00e1 fez muitas coisas ao longo da carreira: cardiologista, ministro, militante. Gostava de saber como \u00e9 ar essas etapas, por exemplo, de ministro a militante?PDB: Qual \u00e9 a diferen\u00e7a entre militante e ativista e pol\u00edtico? Os tr\u00eas acreditam verdadeiramente que \u201c\u00e9 preciso mudar o mundo\u201d. Portanto, na pol\u00edtica, fazemos compromissos, porque n\u00e3o podemos mudar as coisas como queremos, existem for\u00e7as parlamentares, h\u00e1 vota\u00e7\u00f5es e, por vezes, somos derrotados. \u00c0s vezes, alteramos um pouco a linguagem para ganhar um voto. As pessoas at\u00e9 podem pensar que voc\u00ea \u00e9 falso, mas \u00e9 um compromisso. N\u00e3o \u00e9 ficar comprometido, n\u00e3o \u00e9 a mesma coisa. Por outro lado, na posi\u00e7\u00e3o em que me encontro agora, posso verdadeiramente ser livre. Posso livremente dizer que s\u00e3o necess\u00e1rios financiamentos inovadores, que \u00e9 necess\u00e1rio entrar, aderir \u00e0 UNITAID, que temos de evitar as guerras e os conflitos dando um pouco, um pouco de direito \u00e0 vida aos mais pobres.\u00c9 um apaixonado que j\u00e1 ou muitas etapas. Qual \u00e9 a pr\u00f3xima para Philippe Douste-Blazy? PDB: O pr\u00f3ximo o \u00e9 convencer os chefes de Estado que podemos realmente implementar pequenas contribui\u00e7\u00f5es solid\u00e1rias nos bilhetes de avi\u00e3o, mas tamb\u00e9m em s de telem\u00f3vel e por que n\u00e3o no setor privado. Estou convencido de que a Apple, Google, Facebook, Twitter, dado que atuam ao n\u00edvel planet\u00e1rio, podem inventar micro contribui\u00e7\u00f5es, parar com este capitalismo especulativo terr\u00edvel e voltar ao capitalismo social: o homem, a pessoa humana, sagrada. Uma crian\u00e7a nascida em Bamaco \u00e9 t\u00e3o importante como uma crian\u00e7a nascida em Paris. Mas a comunidade internacional n\u00e3o pensa assim. Pensa que uma crian\u00e7a que nasce em Bamaco n\u00e3o \u00e9 nada, que uma crian\u00e7a nascida em Londres, Oslo ou em Paris, essa sim, \u00e9 uma crian\u00e7a importante. Isso n\u00e3o \u00e9 verdade. S\u00e3o ambas importantes.BiografiaDr. Philippe Douste-Blazy, presidente da UNITAID Philippe Douste-Blazy \u00e9 um perito e pioneiro em solu\u00e7\u00f5es inovadoras de financiamento para cobrir o deficit crescente na ajuda ao desenvolvimento. Desempenhou, nomeadamente, um papel vital na cria\u00e7\u00e3o de uma taxa solid\u00e1ria sobre os bilhetes de avi\u00e3o: uma quantia nominal \u00e9 cobrada (1 euro em bilhetes de classe econ\u00f3mica) ao ageiro e entregue \u00e0 UNITAID para ajudar a financiar o seu trabalho.A UNITAID foi criada em 2006 pelos governos do Brasil, Chile, Fran\u00e7a, Noruega e Reino Unido para melhorar o o a medicamentos nos pa\u00edses em desenvolvimento. 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Philippe Douste-Blazy: "A Al-Qaeda só tem força onde existe miséria"

Philippe Douste-Blazy: "A Al-Qaeda só tem força onde existe miséria"
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Restam apenas alguns meses para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio propostos pelas Nações Unidas. Para o presidente da UNITAID é uma corrida contra o relógio. Esta organização está na vanguarda do financiamento inovador, em especial na luta contra a malária, tuberculose e SIDA. Philippe Douste-Blazy, ex-ministro do governo francês e presidente da UNITAID trabalha incansavelmente e é o convidado desta edição de Conversa Global.

Dr. Philippe Douste-Blazy, Presidente da UNITAID

  • Philippe Douste-Blazy é um perito e pioneiro em soluções inovadoras de financiamento para cobrir o deficit crescente na ajuda ao desenvolvimento. Desempenhou, nomeadamente, um papel vital na criação de uma taxa solidária sobre os bilhetes de avião: uma quantia nominal é cobrada (1 euro em bilhetes de classe económica) ao ageiro e entregue à UNITAID para ajudar a financiar o seu trabalho.

*A UNITAID foi criada em 2006 pelos governos do Brasil, Chile, França, Noruega e Reino Unido para melhorar o o a medicamentos nos países em desenvolvimento. Fornece um financiamento sustentável para aumentar a disponibilidade de medicamentos a preços íveis e diagnósticos para o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.

*Antes de ingressar na UNITAID, Philippe Douste-Blazy exerceu medicina, como cardiologista. ou em seguida pela política sa e, entre 1993 e 2007, ocupou vários cargos de alto perfil, incluindo, ministro da Saúde, ministro da Cultura e Comunicação e Relações Exteriores.

euronews: Mencionei a SIDA, erradicá-la faz parte dos objetivos do milénio. É estranho, dado que já quase não falamos desta doença. Porquê?

Philippe Douste-Blazy (PDB):
“A SIDA é uma doença da pobreza e, se me permitir, vou explicar o que fazemos. Queremos erradicar a pobreza extrema, que não pára de aumentar no mundo atual. Mas como fazer para ajudar os mais pobres, com que dinheiro, quando a maioria dos chamados países ricos está mais ou menos à beira da falência?* Como pedir um deputado grego, italiano, espanhol, francês ou mesmo americano para dar mais dinheiro? Para isso, tivemos uma ideia, chama-se “financiamento inovador”. Trata-se de ficar com uma pequena, com uma microscópica contribuição que não custa nada -1 euro por bilhete de avião, por exemplo – e que é dada a uma organização, a UNITAID”.

Se não custa nada, porque é que muitos países estão reticentes?

PDB: Não entendo porquê. Há 194 países. 14 introduziram este pequeno sistema – um euro por bilhete de avião – e com isso conseguimos angariar mais de 2.000 milhões de dólares para crianças com SIDA. Entre as crianças que têm o a tratamento, 8 em cada 10 recebem tratamento graças a esta pequena ideia.

Voltaremos a esta questão do financiamento inovador, mas primeiro queria olhar um pouco a questão da SIDA. Em 2013, há pouco mais de um ano, o ex-presidente francês, Jacques Chirac, que também é fundador da UNITAID, disse que graças à UNITAID podíamos pensar em erradicar a SIDA. Acredita realmente que isso vai ser possível? Se sim, quando?

PDB: É possível, mas é preciso dinheiro. Cada vez que ajudamos os mais pobres, há muitas pessoas que dizem que é como tentar regar o deserto ou a areia com água! Mas isso não é verdade. Repare no sarampo. Com a vacina, reduzimos em 98% a mortalidade do sarampo. Poderíamos fazer o mesmo com a SIDA.

Tomemos um exemplo: as crianças que têm SIDA, três milhões em todo o mundo. Apenas 700.000 crianças que têm SIDA são tratadas, porque as abandonamos, porque são as mais pobres. São crianças que têm todos os motivos para serem infelizes. Nascem com SIDA, têm 50% de probabilidades de morrer antes do segundo ano de vida, vão ser órfãs e, em seguida, serão discriminadas, porque têm a palavra “SIDA” escrita na testa. E nós vamos abandoná-las nas suas aldeias.

São essas crianças que nós queremos ajudar.

Com a UNITAID e a Fundação do Presidente Clinton, fomos capazes de tratar 700 mil, mas ainda temos 2,3 milhões de crianças a necessitar de tratamentos. Isto não é aceitável. É uma vergonha para humanidade não encontrar o dinheiro para as tratar.

Porquê estas três doenças (SIDA, malária, Tuberculose)? É uma questão que tem interessado ao nosso público. Recebemos uma questão de alguém chamado Amizou Abbas, que pergunta o que é que a ONU está a fazer na batalha contra o ébola, que é uma doença mortal?

PDB: Na verdade, a UNITAID é um laboratório que queria provar que, com contribuições insignificantes, multiplicadas por milhões, será possível mudar as coisas. Era necessário escolher e, no início, escolhemos o sexto Objetivo do Milénio: Ocombate à SIDA, tuberculose e malária. Poderíamos ter escolhido outra coisa. Agora, já provámos que podemos mudar o mundo se encontrarmos pequenas contribuições solidárias como esta.

Mas dá muito trabalho convencer os líderes políticos. Porque é que não aceitam esta ideia?

PDB: Porque acredito que, infelizmente, os chefes de Estado, os políticos – classe de que fiz parte durante muito tempo e sobre a qual não tenho lições a dar – pensam demasiadamente a nível local. Só nos ocupamos das eleições em casa. Quando é presidente da Câmara de uma cidade, não é presidente da Câmara de outra; quando é Presidente de um país, não é o Presidente do outro. Não nos apercebemos que, hoje, a globalização obriga-nos a pensar em mais coisas.
Se queremos que nossos filhos e netos vivam em paz no século XXI, uma vez que é de guerra e de paz que se trata, é obviamente necessário tratar dos direitos básicos – à vida, à dignidade do homem – nos lugares mais pobres do mundo. A única solução são os micro financiamentos como este.

Falou do imposto sobre transações financeiras na Europa, que está a diluir-se. Receia não ser capaz de angariar os fundos que esperava?

PDB: Há 10 anos, o nosso combate foi por criar uma taxa sobre as transações financeiras. Disseram-nos todos que isso não iria funcionar. Mas agora, três anos depois, vemos que são cada vez mais os países que acham que é uma boa ideia, mas eu percebi o porquê. Nós pensávamos que era para os pobres que era necessário enviar o dinheiro recolhido com esta taxa transações financeiras. Mas não, os países agora dizem que o dinheiro é para equilibrar o orçamento, para encontrar o dinheiro que os países precisam.
Então, disse aos chefes de Estado: “Bem, estamos num período difícil, num período de crise, guardem esse dinheiro, mas deem pelo menos 20, 25% para os países mais pobres”. É esta, atualmente, a nossa luta.
A chanceler Merkel concordou em implementar a taxa sobre as transações financeiras tal como o primeiro-ministro da Áustria, mas também Espanha, Itália, Grécia e França já têm uma taxa sobre as transações financeiras.

E que percentagem vai receber, então?

PDB: Em França, são 15%. É histórico. O Presidente aceitou que 15% da taxa sobre as transações financeira vá para os países mais pobres.

Isso equivale a quanto, em dinheiro?

PDB: Por enquanto é pouco, 160 milhões de euros, mas o mundo será muito mais instável se continuarmos a deixar pessoas a ganhar 1 dólar por dia.

Repare onde é que a Al-Qaeda se instala. É evidente que só tem força onde existe pobreza extrema, onde existe miséria.

Quando temos 17 anos somos mais… Eu, se tivesse 17/18 anos e visse o meu irmão, a minha mãe, o meu pai e a minha irmã mais nova morrerem porque falta 1/2 dólar, 50 cêntimos para tratar o paludismo, a malária – salvar uma criança custa 1/2 dólar – Ora, se eu descobrir na internet – que um dia irá chegar ao meio do deserto – que posso almoçar em Paris por 40 euros e que porque falta 1/2 dólar o meu irmão mais novo morreu, acho que poderia ser manipulado e voltar-me contra o Ocidente.

Recebemos esta questão de um grupo que se designa de ‘Robin Hood’ e continuamos na questão da taxa sobre as transações financeiras.

PDB: Certo

Recordo que ‘Robin Hood’ é o Robin dos Bosques, que também é a alcunha que os ingleses dão à taxa sobre as transações financeiras (taxa Tobin). Este grupo pergunta se há garantias que o dinheiro irá chegar a quem precisa?

PDB: Sim, esse é precisamente o nosso trabalho. É isso, o que expliquei a vários chefes de Estado. É necessário dividir a taxa sobre transações financeiras. Esperamos que 15, 20, 25%, irá para os países mais pobres. Temos que lutar por isso e, depois, proponho que haja uma divisão em dois: uma parte para a saúde no mundo, entregue a organizações multilaterais como a UNITAID, o Fundo Mundial de Luta Contra a SIDA, a tuberculose, a malária e a outra metade para o ambiente.

Também defende uma taxa sobre os barris de petróleo. Seria uma taxa a cobrar diretamente nos países africanos. Em que ponto está isso?

PDB: É uma discussão que mantenho com certos chefes de Estado…

Pode dizer quais?

PDB: Ainda é muito cedo. Mas, em primeira mão, vou dizer-lhe que, na realidade, a ideia partiu do facto de existirem países africanos que têm a sorte de ter certos recursos naturais: petróleo, minerais e gás e que há outros que não têm nada. Então, pensei que seria bom para o Estado – sabe que quando é encontrado petróleo num país, há uma parte para as empresas e outra para o Estado? – Desta parte para o Estado, queremos ficar com 5,10,15 cêntimos por barril de petróleo, o que permitiria lutar contra uma grave epidemia, que afeta 30% das crianças africanas: a malnutrição crónica.

Convenceu-me, mas falou da globalização da solidariedade e é triste ver que as pessoas não seguem as suas ideias…

PDB: Sim, mas é pior do que isso. Não há só os políticos, também existem os meios de comunicação social. Repare, quando há um acidente com um autocarro em França envolvendo crianças é horrível. É horrível se, por exemplo, 30 dessas crianças ficarem feridas ou morrerem. Será a abertura de todos os telejornais em França. E, por outro lado, a cada 3 segundos, uma criança morre no mundo.
Repito, a cada 3 segundos morre uma criança vítima de uma doença que podíamos evitar ou curar. Por um valor insignificante poderíamos evitar isso. Mas não há nem uma linha nos jornais sobre o assunto, vivemos como se isso não existisse.

Uma das pessoas que transformou o mundo em que vivemos foi Bill Gates. É um dos homens mais influentes e mais ricos do mundo, apoia a sua fundação, andam juntos. Qual é a lição mais importante que já aprendeu com ele?

PDB: Convidei-o no outro dia para vir a Paris e ele disse uma coisa incrível: “Tive de esperar mais de 50 anos para compreender que a vida que tinha era uma vida muito interessante obviamente, criei Microsoft, etc… mas não tinha dado sentido à minha vida e agora aqui estou a tentar dar um sentido à minha vida”. Acho que toda a gente, tenha ou não trabalho, seja jornalista, médico ou político, chega a um momento em que tem de dar um sentido à sua vida.

Referiu a política, gostaria de pedir-lhe para vestir a pele de ex-político francês porque está bem no coração da inovação, algo que quando olhamos para a França parece faltar. Há uma necessidade de agitar as coisas, como é que pensa ser possível agitar as águas ao nível económico para relançar a França?

PDB: O problema que temos é porque não fizemos reformas suficientes. Tivemos medo, porque temos sindicatos que são muito fortes, porque os ses são frequentemente pessoas que adiam um pouco as coisas. Até eu, quando estive no governo deveria ter sido mais corajoso, ter feito reformas mais corajosas. É isso que nos falta, mas acredito que agora as pessoas têm vontade de mexer-se, de mudar. Estão a ver que países como Espanha, Grécia, Itália, depois de terem sido duramente atingidos, estão agora a recuperar.

Já fez muitas coisas ao longo da carreira: cardiologista, ministro, militante. Gostava de saber como é ar essas etapas, por exemplo, de ministro a militante?

PDB: Qual é a diferença entre militante e ativista e político? Os três acreditam verdadeiramente que “é preciso mudar o mundo”. Portanto, na política, fazemos compromissos, porque não podemos mudar as coisas como queremos, existem forças parlamentares, há votações e, por vezes, somos derrotados. Às vezes, alteramos um pouco a linguagem para ganhar um voto. As pessoas até podem pensar que você é falso, mas é um compromisso. Não é ficar comprometido, não é a mesma coisa. Por outro lado, na posição em que me encontro agora, posso verdadeiramente ser livre. Posso livremente dizer que são necessários financiamentos inovadores, que é necessário entrar, aderir à UNITAID, que temos de evitar as guerras e os conflitos dando um pouco, um pouco de direito à vida aos mais pobres.

É um apaixonado que já ou muitas etapas. Qual é a próxima para Philippe Douste-Blazy?

PDB: O próximo o é convencer os chefes de Estado que podemos realmente implementar pequenas contribuições solidárias nos bilhetes de avião, mas também em s de telemóvel e por que não no setor privado. Estou convencido de que a Apple, Google, Facebook, Twitter, dado que atuam ao nível planetário, podem inventar micro contribuições, parar com este capitalismo especulativo terrível e voltar ao capitalismo social: o homem, a pessoa humana, sagrada.
Uma criança nascida em Bamaco é tão importante como uma criança nascida em Paris. Mas a comunidade internacional não pensa assim. Pensa que uma criança que nasce em Bamaco não é nada, que uma criança nascida em Londres, Oslo ou em Paris, essa sim, é uma criança importante. Isso não é verdade. São ambas importantes.

Biografia

Dr. Philippe Douste-Blazy, presidente da UNITAID

Philippe Douste-Blazy é um perito e pioneiro em soluções inovadoras de financiamento para cobrir o deficit crescente na ajuda ao desenvolvimento. Desempenhou, nomeadamente, um papel vital na criação de uma taxa solidária sobre os bilhetes de avião: uma quantia nominal é cobrada (1 euro em bilhetes de classe económica) ao ageiro e entregue à UNITAID para ajudar a financiar o seu trabalho.

A UNITAID foi criada em 2006 pelos governos do Brasil, Chile, França, Noruega e Reino Unido para melhorar o o a medicamentos nos países em desenvolvimento. Fornece um financiamento sustentável para aumentar a disponibilidade de medicamentos a preços íveis e diagnósticos para o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária.

Antes de ingressar na UNITAID, Philippe Douste-Blazy exerceu medicina, como cardiologista. ou em seguida pela política sa e, entre 1993 e 2007, ocupou vários cargos de alto perfil, incluindo, ministro da Saúde, ministro da Cultura, Comunicação e Relações Exteriores.

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