{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/07/21/ministro-dos-negocios-estrangeiros-da-arabia-saudita-o-daesh-e-uma-colecao-de" }, "headline": "Ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Ar\u00e1bia Saudita: \u0022O Daesh \u00e9 uma cole\u00e7\u00e3o de criminosos, psicopatas e pervertidos\u0022", "description": "A guerra atroz na S\u00edria arrasta-se; h\u00e1 instabilidade na Turquia; o I\u00e9men est\u00e1 em guerra; o M\u00e9dio Oriente est\u00e1, outra vez, em crise.", "articleBody": "A guerra atroz na S\u00edria arrasta-se; h\u00e1 instabilidade na Turquia; o I\u00e9men est\u00e1 em guerra; o M\u00e9dio Oriente est\u00e1, outra vez, em crise. Para analisar a situa\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o, o jornalista Olaf Bruns entrevistou o ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Ar\u00e1bia Saudita, Adel al-Jubeir. Euronews: O mundo habituou-se a uma pol\u00edtica externa saudita muito cautelosa durante d\u00e9cadas. Agora vemo-lo a assumir uma posi\u00e7\u00e3o muito mais ousada, com uma interven\u00e7\u00e3o direta no I\u00e9men, uma posi\u00e7\u00e3o clara sobre o Ir\u00e3o, a S\u00edria, a luta contra o autodenominado Estado Isl\u00e2mico e tamb\u00e9m contra a Al-Qaida, e o presidente Bachar al-Assad. \u00c9 esta a nova Ar\u00e1bia Saudita, a que o mundo se deve habituar? Adel al-Jubeir: Vimos que havia um vazio que tinha de ser preenchido. Constat\u00e1mos uma falta de lideran\u00e7a e tinha de haver lideran\u00e7a. Portanto, fal\u00e1mos com os nossos aliados e ocup\u00e1mos o vazio, de forma a proteger os nossos interesses. T\u00ednhamos uma mil\u00edcia radical, aliada ao Ir\u00e3o e ao Hezbollah, a apoderar-se do I\u00e9men, e que tinha em sua posse m\u00edsseis bal\u00edsticos e uma for\u00e7a a\u00e9rea que se tornou uma amea\u00e7a direta para o reino da Ar\u00e1bia Saudita e dos pa\u00edses do Golfo. Algu\u00e9m tinha de fazer alguma coisa acerca disso. Por isso, entr\u00e1mos em cena. No que respeita ao Ir\u00e3o, dissemos: Basta!. 35 anos de agress\u00f5es do Ir\u00e3o ao reino da Ar\u00e1bia Saudita e aos seus aliados s\u00e3o suficientes. N\u00e3o vamos tolerar isto! No que concerne \u00e0 S\u00edria, o nosso objetivo \u00e9 apoiar a oposi\u00e7\u00e3o moderada e provocar uma mudan\u00e7a no sistema do pa\u00eds. E: Quando fala em \u201cvazio\u201d, considera que h\u00e1 uma presen\u00e7a norte-americana insuficiente na regi\u00e3o? al-Jubeir: N\u00e3o necessariamente. Temos visto os Houthis a assumir o controlo do I\u00e9men muito, muito devagar, nos \u00faltimos 7, 8, 9 anos. Ningu\u00e9m queria confront\u00e1-los. Por isso, tivemos de faz\u00ea-lo. V\u00ednhamos assistindo \u00e0 matan\u00e7a de inocentes na S\u00edria durante anos e ningu\u00e9m fazia nada quanto a isso. Por isso, tivemos de fazer alguma coisa. E: Uma tentativa de golpe de Estado na Turquia trouxe mais instabilidade para a regi\u00e3o. Como \u00e9 que avalia o papel da Turquia, enquanto ator de pol\u00edtica externa, no rescaldo da tentativa de golpe de Estado? al-Jubeir: N\u00e3o acredito que este infeliz incidente, o golpe de Estado falhado, tenha um impacto duradouro sobre a posi\u00e7\u00e3o da Turquia ou o bem-estar da Turquia. E: Mas os pa\u00edses ocidentais t\u00eam um cada vez maior receio que a Turquia possa enveredar por um caminho muito autorit\u00e1rio. O secret\u00e1rio de Estado norte-americano, John Kerry, sugeriu mesmo que a continuidade da Turquia na NATO pode estar em risco. Teme que isto possa enfraquecer a guerra contra o autodenominado Estado Isl\u00e2mico? al-Jubeir: N\u00e3o acredito. A Turquia \u00e9 uma democracia. A vontade do povo turco vai ser implementada. A Turquia tem de ser autorizada a tomar as medidas necess\u00e1rias para garantir a sua seguran\u00e7a. Ningu\u00e9m questionou os Estados Unidos quando pam milhares de pessoas em Guant\u00e1namo, em Cuba. Ningu\u00e9m! Biografia: Adel al-Jubeir Adel al-Jubeir \u00e9 ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Ar\u00e1bia Saudita desde 2015 \u00c9 o segundo ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros que n\u00e3o pertence \u00e0 fam\u00edlia real Tendo estudado em v\u00e1rios pa\u00edses, al-Jubeir \u00e9 fluente em \u00c1rabe, Ingl\u00eas e Alem\u00e3o Em 2011, sobreviveu a uma tentativa de assassinato, alegadamente executada pela For\u00e7a Quds, uma unidade especial do Ex\u00e9rcito dos Guardi\u00e3es da Revolu\u00e7\u00e3o Isl\u00e2mica do Ir\u00e3o. E: Disse, v\u00e1rias vezes, que est\u00e1 bastante confiante que o presidente Bachar al-Assad vai acabar por sair. Continua confiante, tendo em conta a fraqueza de alguns atores regionais e a situa\u00e7\u00e3o no terreno, com Aleppo prestes a cair nas m\u00e3os do ex\u00e9rcito s\u00edrio? al-Jubeir: No final vai haver uma nova S\u00edria, sem Bachar al-Assad. \u00c9 uma quest\u00e3o de tempo. Pode ser conseguido atrav\u00e9s de um processo pol\u00edtico que pode ser mais r\u00e1pido e suave ou atrav\u00e9s de um processo militar que ser\u00e1 mais longo e mais custoso, em termos de mortes e destrui\u00e7\u00e3o e em termos de sangue e dinheiro. E: Agora, o processo pol\u00edtico parece encravado. Por isso, pode ser seguida a via militar. Que caminho lhe parece mais realista? al-Jubeir: Vamos apoiar a oposi\u00e7\u00e3o s\u00edria moderada militarmente, como n\u00e3o existindo qualquer processo pol\u00edtico, e vamos apoiar, depois, o processo pol\u00edtico, como se n\u00e3o houver processo militar. Euronews: At\u00e9 onde est\u00e1 preparado para ir em termos de apoio militar? al-Jubeir: Temos um grupo de pa\u00edses que est\u00e3o a fornecer apoio militar \u00e0 oposi\u00e7\u00e3o moderada. N\u00f3s decidimos que grupos devem receber apoio e quando e como. E temos sempre feito press\u00e3o para fornecer-lhes equipamento mais robusto, para que eles possam depor Bachar al-Assad. E: A Ar\u00e1bia Saudita pode mandar tropas para o terreno? al-Jubeir: Estamos preparados para mandar for\u00e7as especiais para a S\u00edria como parte da coliga\u00e7\u00e3o internacional para combater o Daesh. E: Quando fala do designado \u201cEstado Isl\u00e2mico\u201d, prefere a sigla \u00e1rabe Daesh. N\u00e3o me parece que seja uma coincid\u00eancia. O que \u00e9 o Daesh para si? \u00c9 isl\u00e2mico? \u00c9 um Estado? al-Jubeir: Nem \u00e9 isl\u00e2mico, nem um Estado. \u00c9 uma cole\u00e7\u00e3o de criminosos, psicopatas, pervertidos\u2026 Isto n\u00e3o tem nada a ver com o Isl\u00e3o. \u00c9 como o Ku Klux Klan na Am\u00e9rica. N\u00e3o tem nada a ver. Todas as religi\u00f5es t\u00eam as suas ovelhas negras, os seus fan\u00e1ticos, mas eles n\u00e3o refletem a religi\u00e3o. E pensar que o Daesh tem a ver com f\u00e9 \u00e9 ofensivo. E: Se s\u00e3o um gangue de psicopatas, como t\u00eam conseguido gerir uma \u00e1rea geogr\u00e1fica durante tanto tempo e ser um problema militar t\u00e3o grande? al-Jubeir: H\u00e1 muitos exemplos na hist\u00f3ria de psicopatas que fizeram coisas incr\u00edveis: Adolf Hitler era um psicopata! E: A Ar\u00e1bia Saudita mostrou-se c\u00e9tica em rela\u00e7\u00e3o ao acordo nuclear assinado com o Ir\u00e3o. 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E: Se voc\u00ea tivesse uma suspeita fundamentada de que o Ir\u00e3o n\u00e3o iria respeitar os termos do acordo, ponderaria a aquisi\u00e7\u00e3o de armas nucleares pela Ar\u00e1bia Saudita? al-Jubeir: A Ar\u00e1bia Saudita vai fazer o que for necess\u00e1rio para proteger o nosso povo e o nosso pa\u00eds, mas claro que n\u00e3o vamos anunciar como o vamos fazer e com que meios, sobretudo na televis\u00e3o. E: Como \u00e9 que as rela\u00e7\u00f5es com Israel se t\u00eam desenvolvido depois do acordo nuclear? al-Jubeir: N\u00e3o temos rela\u00e7\u00f5es com Israel. E: Nenhum o? Nem nos bastidores?\u201d al-Jubeir: N\u00e3o. E: A Ar\u00e1bia Saudita \u00e9 frequentemente acusada de ser implicitamente respons\u00e1vel pelo terrorismo isl\u00e2mico. A argumenta\u00e7\u00e3o diz que a Ar\u00e1bia Saudita financia mesquitas em todo o mundo, treinando im\u00e3s, que depois pregam uma vers\u00e3o muito conservadora do Isl\u00e3o, que, sem querer, acaba por ser terreno f\u00e9rtil para o terrorismo. Qual \u00e9 a sua resposta a isto? al-Jubeir: Por que raz\u00e3o dever\u00edamos apoiar uma ideologia que tem por objetivo matar-nos? N\u00f3s somos o alvo dos extremistas. Eles querem ter o a Meca e Medina, pelo que j\u00e1 sofremos em termos de ataques terroristas, em termos de pessoal de seguran\u00e7a que tentava defender os inocentes. N\u00f3s estamos na linha da frente da luta contra o extremismo e terrorismo na regi\u00e3o e no mundo. Portanto que algu\u00e9m diga que os sauditas est\u00e3o a financiar o extremismo ou que a sua ideologia \u00e9 financiar os extremistas \u00e9 absurdo! N\u00f3s perseguimos os homens, o dinheiro e a mentalidade que est\u00e1 por tr\u00e1s disto. N\u00e3o vamos tolerar o extremismo. Se tiver um problema numa determinada cidade do seu pa\u00eds, feche o centro isl\u00e2mico! N\u00e3o culpe os outros! 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Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita: "O Daesh é uma coleção de criminosos, psicopatas e pervertidos"

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita: "O Daesh é uma coleção de criminosos, psicopatas e pervertidos"
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De Olaf Bruns
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A guerra atroz na Síria arrasta-se; há instabilidade na Turquia; o Iémen está em guerra; o Médio Oriente está, outra vez, em crise.

A guerra atroz na Síria arrasta-se; há instabilidade na Turquia; o Iémen está em guerra; o Médio Oriente está, outra vez, em crise. Para analisar a situação na região, o jornalista Olaf Bruns entrevistou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir.

Euronews: O mundo habituou-se a uma política externa saudita muito cautelosa durante décadas. Agora vemo-lo a assumir uma posição muito mais ousada, com uma intervenção direta no Iémen, uma posição clara sobre o Irão, a Síria, a luta contra o autodenominado Estado Islâmico e também contra a Al-Qaida, e o presidente Bachar al-Assad. É esta a nova Arábia Saudita, a que o mundo se deve habituar?

Adel al-Jubeir: Vimos que havia um vazio que tinha de ser preenchido. Constatámos uma falta de liderança e tinha de haver liderança. Portanto, falámos com os nossos aliados e ocupámos o vazio, de forma a proteger os nossos interesses. Tínhamos uma milícia radical, aliada ao Irão e ao Hezbollah, a apoderar-se do Iémen, e que tinha em sua posse mísseis balísticos e uma força aérea que se tornou uma ameaça direta para o reino da Arábia Saudita e dos países do Golfo. Alguém tinha de fazer alguma coisa acerca disso. Por isso, entrámos em cena. No que respeita ao Irão, dissemos: Basta!. 35 anos de agressões do Irão ao reino da Arábia Saudita e aos seus aliados são suficientes. Não vamos tolerar isto! No que concerne à Síria, o nosso objetivo é apoiar a oposição moderada e provocar uma mudança no sistema do país.

E: Quando fala em “vazio”, considera que há uma presença norte-americana insuficiente na região?

al-Jubeir: Não necessariamente. Temos visto os Houthis a assumir o controlo do Iémen muito, muito devagar, nos últimos 7, 8, 9 anos. Ninguém queria confrontá-los. Por isso, tivemos de fazê-lo. Vínhamos assistindo à matança de inocentes na Síria durante anos e ninguém fazia nada quanto a isso. Por isso, tivemos de fazer alguma coisa.

E: Uma tentativa de golpe de Estado na Turquia trouxe mais instabilidade para a região. Como é que avalia o papel da Turquia, enquanto ator de política externa, no rescaldo da tentativa de golpe de Estado?

al-Jubeir: Não acredito que este infeliz incidente, o golpe de Estado falhado, tenha um impacto duradouro sobre a posição da Turquia ou o bem-estar da Turquia.

E: Mas os países ocidentais têm um cada vez maior receio que a Turquia possa enveredar por um caminho muito autoritário. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, sugeriu mesmo que a continuidade da Turquia na NATO pode estar em risco. Teme que isto possa enfraquecer a guerra contra o autodenominado Estado Islâmico?

al-Jubeir: Não acredito. A Turquia é uma democracia. A vontade do povo turco vai ser implementada. A Turquia tem de ser autorizada a tomar as medidas necessárias para garantir a sua segurança. Ninguém questionou os Estados Unidos quando pam milhares de pessoas em Guantánamo, em Cuba. Ninguém!


Biografia: Adel al-Jubeir

  • Adel al-Jubeir é ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita desde 2015
  • É o segundo ministro dos Negócios Estrangeiros que não pertence à família real
  • Tendo estudado em vários países, al-Jubeir é fluente em Árabe, Inglês e Alemão
  • Em 2011, sobreviveu a uma tentativa de assassinato, alegadamente executada pela Força Quds, uma unidade especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica do Irão.

E: Disse, várias vezes, que está bastante confiante que o presidente Bachar al-Assad vai acabar por sair. Continua confiante, tendo em conta a fraqueza de alguns atores regionais e a situação no terreno, com Aleppo prestes a cair nas mãos do exército sírio?

al-Jubeir: No final vai haver uma nova Síria, sem Bachar al-Assad. É uma questão de tempo. Pode ser conseguido através de um processo político que pode ser mais rápido e suave ou através de um processo militar que será mais longo e mais custoso, em termos de mortes e destruição e em termos de sangue e dinheiro.

E: Agora, o processo político parece encravado. Por isso, pode ser seguida a via militar. Que caminho lhe parece mais realista?

al-Jubeir: Vamos apoiar a oposição síria moderada militarmente, como não existindo qualquer processo político, e vamos apoiar, depois, o processo político, como se não houver processo militar.

Euronews: Até onde está preparado para ir em termos de apoio militar?

al-Jubeir: Temos um grupo de países que estão a fornecer apoio militar à oposição moderada. Nós decidimos que grupos devem receber apoio e quando e como. E temos sempre feito pressão para fornecer-lhes equipamento mais robusto, para que eles possam depor Bachar al-Assad.

E: A Arábia Saudita pode mandar tropas para o terreno?

al-Jubeir: Estamos preparados para mandar forças especiais para a Síria como parte da coligação internacional para combater o Daesh.

E: Quando fala do designado “Estado Islâmico”, prefere a sigla árabe Daesh. Não me parece que seja uma coincidência. O que é o Daesh para si? É islâmico? É um Estado?

al-Jubeir: Nem é islâmico, nem um Estado. É uma coleção de criminosos, psicopatas, pervertidos… Isto não tem nada a ver com o Islão. É como o Ku Klux Klan na América. Não tem nada a ver. Todas as religiões têm as suas ovelhas negras, os seus fanáticos, mas eles não refletem a religião. E pensar que o Daesh tem a ver com fé é ofensivo.

E: Se são um gangue de psicopatas, como têm conseguido gerir uma área geográfica durante tanto tempo e ser um problema militar tão grande?

al-Jubeir: Há muitos exemplos na história de psicopatas que fizeram coisas incríveis: Adolf Hitler era um psicopata!

E: A Arábia Saudita mostrou-se cética em relação ao acordo nuclear assinado com o Irão. Um ano depois, como vê a situação?

al-Jubeir: Dissemos que qualquer acordo que impedisse o Irão de adquirir armas nucleares, que implicasse mecanismos de inspeção intrusivos e robustos e que previsse a reintrodução das sanções, caso o Irão violasse os termos, seria bem-vindo por nós. As preocupações que temos e continuamos a ter têm a ver com os fundos a que o Irão teria o. O que vemos é o Irão envolvido continuamente em atividades hostis, no apoio ao Hezbollah, no Líbano, na Síria, no Iraque e a tentar fornecer armas aos Houthis. Portanto, o júri ainda está a avaliar se há uma mudança ou não do comportamento do Irão, mas nós não vemos nada.

E: Se você tivesse uma suspeita fundamentada de que o Irão não iria respeitar os termos do acordo, ponderaria a aquisição de armas nucleares pela Arábia Saudita?

al-Jubeir: A Arábia Saudita vai fazer o que for necessário para proteger o nosso povo e o nosso país, mas claro que não vamos anunciar como o vamos fazer e com que meios, sobretudo na televisão.

E: Como é que as relações com Israel se têm desenvolvido depois do acordo nuclear?

al-Jubeir: Não temos relações com Israel.

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