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As cicatrizes de Wiriyamu. Aldeia de Moçambique recorda o massacre de há 50 anos

Jorge Wiriyamu, líder local e neto do fundador da aldeia com o mesmo nome, posa junto à sobrevivente Doquíria Gucinho
Jorge Wiriyamu, líder local e neto do fundador da aldeia com o mesmo nome, posa junto à sobrevivente Doquíria Gucinho Direitos de autor ANDRE CATUEIRA/ 2022 LUSA - LUSA, S.A.
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Sobreviventes do massacre de 16 de dezembro de 1972 recordam o dia em que soldados portugueses dizimaram a aldeia moçambicana.

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A 16 de dezembro de 1972., a aldeia de Wiriyamu, no norte de Moçambique, praticamente desapareceu do mapa. Os seus habitantes foram mortos um a um, às mãos dos militares portugueses, que durante a Guerra Colonial invadiram o território. No total, recorda no local uma placa de homenagem às vítimas, mais de 450 pessoas perderam a vida.

Na véspera dos 50 anos do massacre, apenas quatro sobreviventes podem contar a história na primeira pessoa.

Vinte Gandar ainda se lembra de como perdeu amigos e vizinhos e, mesmo assim, a população se manteve em silêncio quando questionada sobre o apoio aos "turras", nome dado aos combatentes da Frente de Libertação de Moçambique, a FRELIMO, atualmente no poder.

"A população sempre mantinha o seu sigilo e dizia "não, nós não conhecemos", mas por aí começaram a matar. Pensavam que matando um a um alguns teriam medo e iam falar a verdade, mas não aconteceu", conta o sobrevivente.

A coragem, reconhecem os poucos que sobreviveram ao massacre, foi essencial para manter o movimento de independência.

Doquíria Gucinho traz no corpo o testemunho desse dia.

"Colocaram-nos no mesmo lugar, os homens foram para numa fila, quem tentasse fugir era morto, enquanto nós, as mulheres, estávamos sentadas. Então atiraram uma granada para onde estávamos sentados. A minha sogra caiu, foi atingida no peito, eu fiquei ferida na perna e cai banhada de sangue. Só à noite é que percebi que não estava morta".

Foram precisas quase cinco décadas, para Portugal reconhecer o massacre de Wiriyamu.

Este ano, António Costa pediu desculpa a Moçambique pela barbárie cometida durante a guerra colonial, um ato que, nas palavras do primeiro-ministro português, é "indesculpável" e "desonra a memória" do país.

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