{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/07/15/crise-de-migrantes-motiva-nova-viagem-da-team-europa-a-tunisia" }, "headline": "Crise de migrantes motiva nova viagem da \u0022team Europa\u0022 \u00e0 Tun\u00edsia", "description": "Presidente da Comiss\u00e3o Europeia e primeiros-ministros de It\u00e1lia e Pa\u00edses Baixos esperados este domingo em Tunes, com o FMI tamb\u00e9m a pressionar os africanos", "articleBody": "A Presidente da Comiss\u00e3o Europeia, o primeiro-ministro dos Pa\u00edses Baixos e a primeira-ministra de It\u00e1lia s\u00e3o esperados este domingo na Tun\u00edsia para aprofundar as negocia\u00e7\u00f5es em torno do Memorando de Entendimento com o Presidente Kais Saied para tentar travar a morte de migrantes no Mediterr\u00e2neo. A viagem foi confirmada sexta-feira na habitual comunica\u00e7\u00e3o \u00e0 imprensa, em Bruxelas, dos temas em tratamento pela Comiss\u00e3o Europeia, num dia marcado pela den\u00fancia de organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais para a situa\u00e7\u00e3o \u0022catastr\u00f3fica\u0022 dos migrantes subsarianos na Tun\u00edsia. Pelo menos 15 migrantes foram encontrados mortos esta semana ao largo da Tun\u00edsia e na zona fronteiri\u00e7a com a Arg\u00e9lia, no meio de um agravamento das tens\u00f5es entre as autoridades locais e estas pessoas subsarianas em tr\u00e2nsito para a Europa. Ap\u00f3s confrontos registados a 3 de julho com migrantes, um tunisino foi morto e as autoridades expulsaram centenas de africanos de Sfax para l\u00e1 das fronteiras com a L\u00edbia, a leste, e a Arg\u00e9lia, a oeste. Entre 100 e 150 migrantes, incluindo mulheres e crian\u00e7as, est\u00e3o numa zona militarizada na fronteira com a L\u00edbia, sem qualquer assist\u00eancia e para os quais a ONG FTDES pede \u0022acolhimento urgente\u0022 em centros dignos. Na sexta-feira \u00e0 noite, centenas de ativistas protestaram em Tunes contra a repress\u00e3o das autoridades e em solidariedade com os imigrantes sem documentos, gritando palavras de ordem como \u0022a Tun\u00edsia \u00e9 africana, n\u00e3o ao racismo\u0022, \u0022abaixo o fascismo\u0022 ou \u0022Estado policial repressivo que vos deporta e nos reprime\u0022. Segredo \u00e9 a alma do neg\u00f3cio O porta-voz da Comiss\u00e3o n\u00e3o antecipou os argumentos que Von der Leyen, Mark Rutte e Giorgia Meloni levam na bagagem para a travessia do Mediterr\u00e2neo. Dana Spinant apenas disse que \u0022as negocia\u00e7\u00f5es est\u00e3o a decorrer\u0022. A apelidada \u0022team Europa\u0022 (tr.: equipa Europa) para a negocia\u00e7\u00e3o com Saied (Leyen-Rutte-Meloni) j\u00e1 tinha estado na Tun\u00edsia a 11 de junho e chegou a pensar-se que a ratifica\u00e7\u00e3o do memorando estaria iminente quando o Comiss\u00e1rio para o Alargamento, Olivier Varhelyi, foi convocado para se juntar ao trio em Tunes.\u00a0 N\u00e3o se confirmou e nem se resolveu a tempo da cimeira de l\u00edderes da Uni\u00e3o Europeia no final de junho. Em cima da mesa estar\u00e1 um novo pacote financeiro para motivar a Tun\u00edsia a travar os grupos de migrantes ali chegados em tr\u00e2nsito para a Europa, num processo de controlar as entradas na UE que custou recentemente a demiss\u00e3o de Mark Rutte da chefia do governo de coliga\u00e7\u00e3o nos Pa\u00edses Baixos (h\u00e1 novas elei\u00e7\u00f5es a 22 de setembro e at\u00e9 l\u00e1 o primeiro-ministro mant\u00e9m-se interino em fun\u00e7\u00f5es). Crise econ\u00f3mica pressiona Tun\u00edsia Von der Leyen j\u00e1 havia itido em junho que a UE estaria disposta a contribuir com quase mil milh\u00f5es de euros para diferentes \u00e1reas, incluindo no com\u00e9rcio, no investimento e na energia verde, mas a Tun\u00edsia s\u00f3 poder\u00e1 aceder a esses fundos se aceitar os termos para um apoio de quase 1,7 mil milh\u00f5es de euros do Fundo Monet\u00e1rio Internacional e que a por diversas reformas econ\u00f3micas. A negocia\u00e7\u00e3o entre o FMI e a Tun\u00edsia ter\u00e1 abrandado em outubro ap\u00f3s um princ\u00edpio de acordo ter sido abalado pela rejei\u00e7\u00e3o de Saied ao corte de subs\u00eddios e \u00e0 privatiza\u00e7\u00e3o de algumas empresas estatais que o FMI dizia em 2021 serem respons\u00e1veis por 40% da d\u00edvida p\u00fablica que pesava no PIB tunisino. A Comiss\u00e3o Europeia tamb\u00e9m ter\u00e1 oferecido 105 milh\u00f5es de euros para financiar a gest\u00e3o tunisina das fronteiras e combater as redes de facilitadores das travessias clandestinas do mar, num apoio independente do acordo com o FMI, mas o Presidente Saied n\u00e3o quer tornar a Tun\u00edsia numa guarda fronteiri\u00e7a de outros pa\u00edses apesar da crise econ\u00f3mica em que este pa\u00eds do norte de \u00c1frica tem vindo a mergulhar.\u00a0 Esta proposta de acordo para a gest\u00e3o de migrantes entre a UE a Tun\u00edsia foi alvo de cr\u00edticas por organiza\u00e7\u00f5es humanit\u00e1rias n\u00e3o governamentais devido \u00e0 forma como os migrantes subsarianos t\u00eam sido tratados pelas autoridades tunisinas, que recentemente transferiram centenas de pessoas de Sfax, o principal ponto de partida rumo \u00e0 Europa, para\u00a0 zonas in\u00f3spitas da L\u00edbia, a leste, ou da Arg\u00e9lia, a oeste. Um eventual colapso econ\u00f3mico da Tun\u00edsia poderia agravar ainda mais a j\u00e1 acentuada crise de migra\u00e7\u00e3o trans-Mediterr\u00e2neo e esse \u00e9 outro foco de press\u00e3o para v\u00e1rios pa\u00edses europeus diretamente afetados pelas perigosas travessias do mar por barcos com dezenas e \u00e0s vezes centenas de pessoas rumo \u00e0 Europa, estando \u00e0 cabe\u00e7a a It\u00e1lia. Em cima da mesa das negocia\u00e7\u00f5es da \u0022team Europa\u0022 com Kais Saied estar\u00e3o tamb\u00e9m as denuncias de maus tratos das autoridades tunisinas aos migrantes que chegam a este pa\u00eds magrebino para dali embarcarem rumo \u00e0 Europa. O pr\u00f3prio Presidente da Tun\u00edsia foi criticado pela Uni\u00e3o Africana pela linguagem utilizada numa declara\u00e7\u00e3o em que anunciou o in\u00edcio de uma opera\u00e7\u00e3o de repress\u00e3o de migrantes subsarianos e que foi denunciada como racista.\u00a0 Essa estrat\u00e9gia de Saied ter\u00e1 levado tamb\u00e9m muitos a mirantes a for\u00e7arem a travessia do Mediterr\u00e2neo para escapar a essa amea\u00e7a de repress\u00e3o tunisina. Os Estados Unidos tamb\u00e9m t\u00eam feito press\u00e3o para que a Tun\u00edsia apresente um plano revisto para tornar poss\u00edvel o resgate e alguns pa\u00edses do golfo p\u00e9rsico tamb\u00e9m tentam ajudar a desenvencilhar o n\u00f3 prometendo ajuda \u00e0 Saied se ele aceitar a proposta do FMI. De acordo com n\u00fameros oficiais, dos mais de 92 mil migrantes que este ano j\u00e1 conseguiram cruzar o Mediterr\u00e2neo e entrar por mar na Europa para pedir asilo, 7 5 mil desembarcaram em It\u00e1lia , o que representa mais do dobro de todo o ano ado e coloca It\u00e1lia ainda mais sob press\u00e3o de alcan\u00e7ar um acordo com a Tun\u00edsia que alivie as travessias clandestinas. ", "dateCreated": "2023-07-15T11:00:15+02:00", "dateModified": "2023-07-15T13:49:08+02:00", "datePublished": "2023-07-15T12:27:52+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F75%2F36%2F14%2F1440x810_cmsv2_6e43dc23-c0e5-5213-bb2f-1cf8e667f2f6-7753614.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Migrantes subsarianos numa praia fronteiri\u00e7a entre a Tun\u00edsia e a L\u00edbia", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F75%2F36%2F14%2F432x243_cmsv2_6e43dc23-c0e5-5213-bb2f-1cf8e667f2f6-7753614.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Marques", "givenName": "Francisco", "name": "Francisco Marques", "url": "/perfis/562", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@frmarques4655", "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue portugaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Crise de migrantes motiva nova viagem da "team Europa" à Tunísia

Migrantes subsarianos numa praia fronteiriça entre a Tunísia e a Líbia
Migrantes subsarianos numa praia fronteiriça entre a Tunísia e a Líbia Direitos de autor UGC via AP/Arquivo
Direitos de autor UGC via AP/Arquivo
De Francisco Marques
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Presidente da Comissão Europeia e primeiros-ministros de Itália e Países Baixos esperados este domingo em Tunes, com o FMI também a pressionar os africanos

PUBLICIDADE

A Presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro dos Países Baixos e a primeira-ministra de Itália são esperados este domingo na Tunísia para aprofundar as negociações em torno do Memorando de Entendimento com o Presidente Kais Saied para tentar travar a morte de migrantes no Mediterrâneo.

A viagem foi confirmada sexta-feira na habitual comunicação à imprensa, em Bruxelas, dos temas em tratamento pela Comissão Europeia, num dia marcado pela denúncia de organizações não-governamentais para a situação "catastrófica" dos migrantes subsarianos na Tunísia.

Pelo menos 15 migrantes foram encontrados mortos esta semana ao largo da Tunísia e na zona fronteiriça com a Argélia, no meio de um agravamento das tensões entre as autoridades locais e estas pessoas subsarianas em trânsito para a Europa.

Após confrontos registados a 3 de julho com migrantes, um tunisino foi morto e as autoridades expulsaram centenas de africanos de Sfax para lá das fronteiras com a Líbia, a leste, e a Argélia, a oeste.

Entre 100 e 150 migrantes, incluindo mulheres e crianças, estão numa zona militarizada na fronteira com a Líbia, sem qualquer assistência e para os quais a ONG FTDES pede "acolhimento urgente" em centros dignos.

Na sexta-feira à noite, centenas de ativistas protestaram em Tunes contra a repressão das autoridades e em solidariedade com os imigrantes sem documentos, gritando palavras de ordem como "a Tunísia é africana, não ao racismo", "abaixo o fascismo" ou "Estado policial repressivo que vos deporta e nos reprime".

Segredo é a alma do negócio

O porta-voz da Comissão não antecipou os argumentos que Von der Leyen, Mark Rutte e Giorgia Meloni levam na bagagem para a travessia do Mediterrâneo. Dana Spinant apenas disse que "as negociações estão a decorrer".

A apelidada "team Europa" (tr.: equipa Europa) para a negociação com Saied (Leyen-Rutte-Meloni) já tinha estado na Tunísia a 11 de junho e chegou a pensar-se que a ratificação do memorando estaria iminente quando o Comissário para o Alargamento, Olivier Varhelyi, foi convocado para se juntar ao trio em Tunes. 

Não se confirmou e nem se resolveu a tempo da cimeira de líderes da União Europeia no final de junho.

Em cima da mesa estará um novo pacote financeiro para motivar a Tunísia a travar os grupos de migrantes ali chegados em trânsito para a Europa, num processo de controlar as entradas na UE que custou recentemente a demissão de Mark Rutte da chefia do governo de coligação nos Países Baixos (há novas eleições a 22 de setembro e até lá o primeiro-ministro mantém-se interino em funções).

Crise económica pressiona Tunísia

Von der Leyen já havia itido em junho que a UE estaria disposta a contribuir com quase mil milhões de euros para diferentes áreas, incluindo no comércio, no investimento e na energia verde, mas a Tunísia só poderá aceder a esses fundos se aceitar os termos para um apoio de quase 1,7 mil milhões de euros do Fundo Monetário Internacional e que a por diversas reformas económicas.

A negociação entre o FMI e a Tunísia terá abrandado em outubro após um princípio de acordo ter sido abalado pela rejeição de Saied ao corte de subsídios e à privatização de algumas empresas estatais que o FMI dizia em 2021 serem responsáveis por 40% da dívida pública que pesava no PIB tunisino.

A Comissão Europeia também terá oferecido 105 milhões de euros para financiar a gestão tunisina das fronteiras e combater as redes de facilitadores das travessias clandestinas do mar, num apoio independente do acordo com o FMI, mas o Presidente Saied não quer tornar a Tunísia numa guarda fronteiriça de outros países apesar da crise económica em que este país do norte de África tem vindo a mergulhar. 

Esta proposta de acordo para a gestão de migrantes entre a UE a Tunísia foi alvo de críticas por organizações humanitárias não governamentais devido à forma como os migrantes subsarianos têm sido tratados pelas autoridades tunisinas, que recentemente transferiram centenas de pessoas de Sfax, o principal ponto de partida rumo à Europa, para  zonas inóspitas da Líbia, a leste, ou da Argélia, a oeste.

Um eventual colapso económico da Tunísia poderia agravar ainda mais a já acentuada crise de migração trans-Mediterrâneo e esse é outro foco de pressão para vários países europeus diretamente afetados pelas perigosas travessias do mar por barcos com dezenas e às vezes centenas de pessoas rumo à Europa, estando à cabeça a Itália.

Em cima da mesa das negociações da "team Europa" com Kais Saied estarão também as denuncias de maus tratos das autoridades tunisinas aos migrantes que chegam a este país magrebino para dali embarcarem rumo à Europa.

O próprio Presidente da Tunísia foi criticado pela União Africana pela linguagem utilizada numa declaração em que anunciou o início de uma operação de repressão de migrantes subsarianos e que foi denunciada como racista. 

Essa estratégia de Saied terá levado também muitos a mirantes a forçarem a travessia do Mediterrâneo para escapar a essa ameaça de repressão tunisina.

Os Estados Unidos também têm feito pressão para que a Tunísia apresente um plano revisto para tornar possível o resgate e alguns países do golfo pérsico também tentam ajudar a desenvencilhar o nó prometendo ajuda à Saied se ele aceitar a proposta do FMI.

De acordo com números oficiais, dos mais de 92 mil migrantes que este ano já conseguiram cruzar o Mediterrâneo e entrar por mar na Europa para pedir asilo, 75 mil desembarcaram em Itália, o que representa mais do dobro de todo o ano ado e coloca Itália ainda mais sob pressão de alcançar um acordo com a Tunísia que alivie as travessias clandestinas.

Outras fontes • Ansa, AFP, Reuters

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

População da UE volta a crescer em 2022 devido à migração - Eurostat

Tunísia desmantela dezenas de campos com migrantes que esperam chegar à Europa

Navio humanitário com destino a Gaza salva quatro migrantes líbios no Mediterrâneo