{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/04/12/pela-primeira-vez-temos-uma-abordagem-europeia-comum-em-materia-de-imigracao-e-asilo" }, "headline": "\u0022Pela primeira vez temos uma abordagem europeia comum em mat\u00e9ria de imigra\u00e7\u00e3o e asilo\u0022", "description": "Fal\u00e1mos com a Comiss\u00e1ria Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, acerca do pacto sobre imigra\u00e7\u00e3o e asilo da UE.", "articleBody": "O Parlamento Europeu acaba de aprovar o Pacto sobre Migra\u00e7\u00e3o e Asilo, uma enorme reforma da pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia.\u00a0 Fal\u00e1mos com a Comiss\u00e1ria Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson. Euronews : \u201cO Parlamento Europeu acaba de aprovar o pacto sobre migra\u00e7\u00e3o e asilo. O que \u00e9 que isso significa para a pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o europeia?\u201d Ylva Johanson: \u201cSignifica muito. \u00c9 uma conquista enorme. \u00c9 a primeira vez que conseguimos ter uma abordagem europeia comum e abrangente em mat\u00e9ria de migra\u00e7\u00e3o e asilo. Isso significa tamb\u00e9m que conseguimos restabelecer a confian\u00e7a entre os Estados-Membros, mas tamb\u00e9m entre o Conselho e o Parlamento. Somos muito mais fortes no que se refere \u00e0 migra\u00e7\u00e3o e ao asilo, tanto na prote\u00e7\u00e3o das nossas fronteiras, como na prote\u00e7\u00e3o dos direitos fundamentais dos requerentes de asilo e das pessoas vulner\u00e1veis\u201d. \u0022Os Estados-Membros v\u00e3o\u00a0implementar o pacto muito rapidamente\u0022 Euronews : \u201ode garantir que os direitos humanos n\u00e3o ser\u00e3o violados, por exemplo, por deten\u00e7\u00f5es injustificadas ou pelo regresso de pessoas migrantes a pa\u00edses terceiros n\u00e3o seguros?\u201d Ylva Johanson : \u201cSim, posso, porque fica muito claro na legisla\u00e7\u00e3o que estamos a refor\u00e7ar a prote\u00e7\u00e3o dos direitos fundamentais dos requerentes de asilo, o direito de requerer asilo e salvaguardas espec\u00edficas para os mais vulner\u00e1veis\u201d. Euronews : \u201cUm dos elementos \u00e9 o mecanismo de solidariedade. Os primeiros-ministros da Pol\u00f3nia e da Hungria deram a entender que n\u00e3o v\u00e3o aplicar o mecanismo de solidariedade nos seus pa\u00edses. O que \u00e9 que acontece se n\u00e3o o fizerem?\u201d Ylva Johanson : \u201cDevo dizer que estou bastante convencida de que os Estados-Membros v\u00e3o implementar o pacto muito rapidamente. Parece que est\u00e3o bastante ansiosos por implementar o pacto e estou convencida de que o v\u00e3o aplicar\u201d. Euronews : \u201cConcretamente, o que acontece se n\u00e3o o fizerem, em termos dos instrumentos de que a Comiss\u00e3o disp\u00f5e para evitar essa situa\u00e7\u00e3o?\u201d Ylva Johanson : \u201cA Comiss\u00e3o tem os instrumentos habituais ao n\u00edvel da legisla\u00e7\u00e3o. Podemos usar a infra\u00e7\u00e3o. Mas devo dizer, mais uma vez, que n\u00e3o me parece que isso v\u00e1 acontecer. Por isso, aqueles que dizem \u2018n\u00e3o vamos fazer deslocaliza\u00e7\u00f5es obrigat\u00f3rias\u2019 est\u00e3o a falar de outra coisa, porque n\u00e3o \u00e9 isso que est\u00e1 no pacto\u201d. \u0022Combater os contrabandistas \u00e9 a parte mais importante\u0022 Euronews: A \u2018reserva de solidariedade\u2019 prev\u00ea 30 mil recoloca\u00e7\u00f5es por ano de migrantes que entram irregularmente na UE. No ano ado, a Frontex registou mais de 380 mil travessias irregulares. N\u00e3o teme que isto seja uma gota de \u00e1gua no oceano? Ylva Johanson : \u201cN\u00e3o, n\u00e3o, isto \u00e9 enorme. Quando n\u00f3s, por exemplo, fizemos a relocaliza\u00e7\u00e3o depois do inc\u00eandio em Moria, se bem se lembram, h\u00e1 alguns anos, houve uma enorme relocaliza\u00e7\u00e3o. Realoj\u00e1mos 5000 pessoas. Por isso, 30 mil por ano \u00e9 realmente um n\u00famero enorme\u201d. Euronews : \u201c2023 foi o ano mais mort\u00edfero no Mar Mediterr\u00e2neo desde 2017. Mais de 3000 migrantes morreram. Como \u00e9 que o Pacto pode alterar esta situa\u00e7\u00e3o, uma vez que n\u00e3o existe uma miss\u00e3o europeia de busca e salvamento?\u201d Ylva Johanson : \u201dCombater os contrabandistas \u00e9 a parte mais importante, para garantir que n\u00e3o voltamos a assistir a esta tr\u00e1gica perda de vidas. Foi por isso que iniciei esta alian\u00e7a global para combater o contrabando de migrantes em novembro do ano ado. E foi por isso que apresentei nova legisla\u00e7\u00e3o neste dom\u00ednio. A outra coisa importante que temos de fazer \u00e9 intensificar a migra\u00e7\u00e3o legal. Somos uma sociedade envelhecida na Europa. Precisamos de migrantes, mas eles t\u00eam de vir de uma forma ordenada\u201d. Euronews : \u201cMas quando os migrantes est\u00e3o nos barcos, porque n\u00e3o resgat\u00e1-los?\u201d Ylva Johanson : \u201cClaro que devem ser resgatados se estiverem em perigo. E \u00e9 tamb\u00e9m isso que est\u00e1 a acontecer. Mas tamb\u00e9m sabemos que, apesar de as opera\u00e7\u00f5es de salvamento estarem a aumentar cada vez mais, continuamos a ver muitas vidas perdidas. Porque quando se est\u00e1 num barco, nestas condi\u00e7\u00f5es climat\u00e9ricas, o risco \u00e9 enorme. E \u00e9 por isso que temos de evitar as partidas, em primeiro lugar.\u201d Euronews : \u201cAinda en rela\u00e7\u00e3o ao Mediterr\u00e2neo, o memorando com a Tun\u00edsia e o acordo com o Egito fazem parte da dimens\u00e3o externa da pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o da UE. Como podemos garantir que os direitos humanos s\u00e3o respeitados nesses pa\u00edses?\u201d Ylva Johanson : \u201c\u00c9 claro que podemos garantir que o dinheiro da UE e o que estamos a fazer nunca violam os direitos humanos. E exercemos um grande escrut\u00ednio nessa mat\u00e9ria. N\u00e3o podemos ter a certeza de que o que acontece fora do \u00e2mbito das nossas atividades. Temos os vizinhos que temos, e temos de trabalhar com eles para tentar melhorar as coisas. E n\u00e3o podemos esperar que todos os problemas sejam resolvidos num pa\u00eds, porque temos de trabalhar com eles tamb\u00e9m para ajudar a resolver os desafios que enfrentam. O dinheiro da UE e os projetos em que estamos envolvidos s\u00e3o objeto de um controlo muito rigoroso sobre a forma como utilizamos o nosso dinheiro e o tipo de projetos em que estamos envolvidos\u201d. \u0022A coopera\u00e7\u00e3o com a L\u00edbia \u00e9 dif\u00edcil\u0022 Euronews : \u201cDesde 2017, a Uni\u00e3o Europeia gastou 59 milh\u00f5es de euros para financiar a gest\u00e3o das fronteiras e da migra\u00e7\u00e3o na L\u00edbia. Mas a Guarda Costeira l\u00edbia tem um historial de viola\u00e7\u00f5es dos direitos humanos, na semana ada disparou contra uma ONG europeia que estava a realizar uma opera\u00e7\u00e3o de salvamento, e n\u00e3o \u00e9 a primeira vez. A coopera\u00e7\u00e3o com a L\u00edbia foi um fracasso ou n\u00e3o?\u201d Ylva Johanson : \u201cA coopera\u00e7\u00e3o com a L\u00edbia \u00e9 dif\u00edcil. \u00c9 preciso diz\u00ea-lo. E temos posi\u00e7\u00f5es muito fortes, por exemplo, no que se refere aos centros de deten\u00e7\u00e3o que s\u00e3o horr\u00edveis. Alguns deles est\u00e3o realmente em condi\u00e7\u00f5es inaceit\u00e1veis. Por isso, estamos a resgatar refugiados da L\u00edbia, levando-os neste mecanismo de tr\u00e2nsito de emerg\u00eancia para pa\u00edses mais seguros, onde podem ser recolocados nos Estados-Membros ou noutros pa\u00edses terceiros, ou estamos tamb\u00e9m a apoiar, atrav\u00e9s da OIM, o regresso volunt\u00e1rio de migrantes da L\u00edbia. E \u00e9 preciso apoio\u00e1-los na busca e salvamento, para que as pessoas n\u00e3o percam efetivamente a vida no Mediterr\u00e2neo. Euronews : \u201cRefere-se \u00e0 busca e salvamento efetuada pela guarda costeira l\u00edbia? Ylva Johanson: \u201cSim. Tamb\u00e9m foram eles que tiveram de efetuar a busca ou o salvamento. Mas estamos a criticar o que aconteceu com as pessoas, porque sabemos que as condi\u00e7\u00f5es nos centros para onde s\u00e3o levadas s\u00e3o muito m\u00e1s. Como acabei de dizer, inaceit\u00e1veis. \u00c9 por isso que estamos a apelar aos l\u00edbios para que mudem esta situa\u00e7\u00e3o e fechem estes centros e acabem com a deten\u00e7\u00e3o arbitr\u00e1ria de migrantes nestes centros\u201d. Euronews : \u201cUm Estado-Membro, a It\u00e1lia, est\u00e1 a externalizar o processamento de alguns pedidos de asilo para a Alb\u00e2nia, um pa\u00eds que n\u00e3o pertence \u00e0 Uni\u00e3o. Ser\u00e1 esta a forma correta de proceder?\u201d Ylva Johanson : \u201cO plano \u00e9 levar as pessoas que est\u00e3o a ser resgatadas em \u00e1guas internacionais, n\u00e3o em \u00e1guas italianas, e desembarc\u00e1-las no centro na Alb\u00e2nia, onde os seus pedidos de asilo, se o solicitarem, ser\u00e3o processados pelas autoridades italianas de acordo com a lei italiana. E se tiverem direito a asilo, ser\u00e3o trazidos para It\u00e1lia. \u00c9 este o plano. Vamos ver como \u00e9 que isto vai funcionar. Mas penso que \u00e9 um caminho muito, muito espec\u00edfico, para It\u00e1lia\u201d. 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"Pela primeira vez temos uma abordagem europeia comum em matéria de imigração e asilo"

"Pela primeira vez temos uma abordagem europeia comum em matéria de imigração e asilo"
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De Vincenzo Genovese
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Falámos com a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, acerca do pacto sobre imigração e asilo da UE.

O Parlamento Europeu acaba de aprovar o Pacto sobre Migração e Asilo, uma enorme reforma da política de migração da União Europeia. Falámos com a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson.

Euronews: “O Parlamento Europeu acaba de aprovar o pacto sobre migração e asilo. O que é que isso significa para a política de migração europeia?”

Ylva Johanson: “Significa muito. É uma conquista enorme. É a primeira vez que conseguimos ter uma abordagem europeia comum e abrangente em matéria de migração e asilo. Isso significa também que conseguimos restabelecer a confiança entre os Estados-Membros, mas também entre o Conselho e o Parlamento. Somos muito mais fortes no que se refere à migração e ao asilo, tanto na proteção das nossas fronteiras, como na proteção dos direitos fundamentais dos requerentes de asilo e das pessoas vulneráveis”.

"Os Estados-Membros vão implementar o pacto muito rapidamente"

Euronews: “Pode garantir que os direitos humanos não serão violados, por exemplo, por detenções injustificadas ou pelo regresso de pessoas migrantes a países terceiros não seguros?”

Ylva Johanson: “Sim, posso, porque fica muito claro na legislação que estamos a reforçar a proteção dos direitos fundamentais dos requerentes de asilo, o direito de requerer asilo e salvaguardas específicas para os mais vulneráveis”.

Euronews: “Um dos elementos é o mecanismo de solidariedade. Os primeiros-ministros da Polónia e da Hungria deram a entender que não vão aplicar o mecanismo de solidariedade nos seus países. O que é que acontece se não o fizerem?”

Ylva Johanson : “Devo dizer que estou bastante convencida de que os Estados-Membros vão implementar o pacto muito rapidamente. Parece que estão bastante ansiosos por implementar o pacto e estou convencida de que o vão aplicar”.

Euronews: “Concretamente, o que acontece se não o fizerem, em termos dos instrumentos de que a Comissão dispõe para evitar essa situação?”

Ylva Johanson: “A Comissão tem os instrumentos habituais ao nível da legislação. Podemos usar a infração. Mas devo dizer, mais uma vez, que não me parece que isso vá acontecer. Por isso, aqueles que dizem ‘não vamos fazer deslocalizações obrigatórias’ estão a falar de outra coisa, porque não é isso que está no pacto”.

"Combater os contrabandistas é a parte mais importante"

Euronews: A ‘reserva de solidariedade’ prevê 30 mil recolocações por ano de migrantes que entram irregularmente na UE. No ano ado, a Frontex registou mais de 380 mil travessias irregulares. Não teme que isto seja uma gota de água no oceano?

Ylva Johanson: “Não, não, isto é enorme. Quando nós, por exemplo, fizemos a relocalização depois do incêndio em Moria, se bem se lembram, há alguns anos, houve uma enorme relocalização. Realojámos 5000 pessoas. Por isso, 30 mil por ano é realmente um número enorme”.

Euronews: “2023 foi o ano mais mortífero no Mar Mediterrâneo desde 2017. Mais de 3000 migrantes morreram. Como é que o Pacto pode alterar esta situação, uma vez que não existe uma missão europeia de busca e salvamento?”

Ylva Johanson: ”Combater os contrabandistas é a parte mais importante, para garantir que não voltamos a assistir a esta trágica perda de vidas. Foi por isso que iniciei esta aliança global para combater o contrabando de migrantes em novembro do ano ado. E foi por isso que apresentei nova legislação neste domínio. A outra coisa importante que temos de fazer é intensificar a migração legal. Somos uma sociedade envelhecida na Europa. Precisamos de migrantes, mas eles têm de vir de uma forma ordenada”.

Euronews: “Mas quando os migrantes estão nos barcos, porque não resgatá-los?”

Ylva Johanson : “Claro que devem ser resgatados se estiverem em perigo. E é também isso que está a acontecer. Mas também sabemos que, apesar de as operações de salvamento estarem a aumentar cada vez mais, continuamos a ver muitas vidas perdidas. Porque quando se está num barco, nestas condições climatéricas, o risco é enorme. E é por isso que temos de evitar as partidas, em primeiro lugar.”

Euronews: “Ainda en relação ao Mediterrâneo, o memorando com a Tunísia e o acordo com o Egito fazem parte da dimensão externa da política de migração da UE. Como podemos garantir que os direitos humanos são respeitados nesses países?”

Ylva Johanson: “É claro que podemos garantir que o dinheiro da UE e o que estamos a fazer nunca violam os direitos humanos. E exercemos um grande escrutínio nessa matéria. Não podemos ter a certeza de que o que acontece fora do âmbito das nossas atividades. Temos os vizinhos que temos, e temos de trabalhar com eles para tentar melhorar as coisas. E não podemos esperar que todos os problemas sejam resolvidos num país, porque temos de trabalhar com eles também para ajudar a resolver os desafios que enfrentam. O dinheiro da UE e os projetos em que estamos envolvidos são objeto de um controlo muito rigoroso sobre a forma como utilizamos o nosso dinheiro e o tipo de projetos em que estamos envolvidos”.

"A cooperação com a Líbia é difícil"

Euronews: “Desde 2017, a União Europeia gastou 59 milhões de euros para financiar a gestão das fronteiras e da migração na Líbia. Mas a Guarda Costeira líbia tem um historial de violações dos direitos humanos, na semana ada disparou contra uma ONG europeia que estava a realizar uma operação de salvamento, e não é a primeira vez. A cooperação com a Líbia foi um fracasso ou não?”

Ylva Johanson: “A cooperação com a Líbia é difícil. É preciso dizê-lo. E temos posições muito fortes, por exemplo, no que se refere aos centros de detenção que são horríveis. Alguns deles estão realmente em condições inaceitáveis. Por isso, estamos a resgatar refugiados da Líbia, levando-os neste mecanismo de trânsito de emergência para países mais seguros, onde podem ser recolocados nos Estados-Membros ou noutros países terceiros, ou estamos também a apoiar, através da OIM, o regresso voluntário de migrantes da Líbia. E é preciso apoioá-los na busca e salvamento, para que as pessoas não percam efetivamente a vida no Mediterrâneo.

Euronews: “Refere-se à busca e salvamento efetuada pela guarda costeira líbia?

Ylva Johanson: “Sim. Também foram eles que tiveram de efetuar a busca ou o salvamento. Mas estamos a criticar o que aconteceu com as pessoas, porque sabemos que as condições nos centros para onde são levadas são muito más. Como acabei de dizer, inaceitáveis. É por isso que estamos a apelar aos líbios para que mudem esta situação e fechem estes centros e acabem com a detenção arbitrária de migrantes nestes centros”.

Euronews: “Um Estado-Membro, a Itália, está a externalizar o processamento de alguns pedidos de asilo para a Albânia, um país que não pertence à União. Será esta a forma correta de proceder?”

Ylva Johanson : “O plano é levar as pessoas que estão a ser resgatadas em águas internacionais, não em águas italianas, e desembarcá-las no centro na Albânia, onde os seus pedidos de asilo, se o solicitarem, serão processados pelas autoridades italianas de acordo com a lei italiana. E se tiverem direito a asilo, serão trazidos para Itália. É este o plano. Vamos ver como é que isto vai funcionar. Mas penso que é um caminho muito, muito específico, para Itália”.

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