A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi detida na quinta-feira, mas rapidamente libertada.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, está livre e “num lugar seguro”, na sequência de um episódio bizarro que encerrou um dia de protestos que a própria liderou para impedir que o presidente Nicolás Maduro permaneça no poder.
"Estou agora num lugar seguro e mais determinada do que nunca a continuar convosco ATÉ AO FIM”, afirmou, numa mensagem publicada na sua conta oficial no X, antigo Twitter.
Também enviou votos de melhoras a uma cidadã venezuelana que foi baleada, segundo afirmou, pelo que diz serem as forças repressivas do regime de Maduro, enquanto permanecia detida.
Os assessores da líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disseram que ela foi detida na quinta-feira, momentos depois de se despedir dos seus apoiantes, subir para uma mota e seguir por uma grande avenida da capital, Caracas, com a sua escolta de segurança.
Às 15h21 (hora local), a equipa de imprensa de Machado informou, numa publicação nas redes sociais que as forças de Maduro “interceptaram violentamente” a sua escolta. Mais tarde, disseram à Associated Press que Machado tinha sido detida. Os líderes da América Latina e do resto do mundo condenaram internacionalmente a detenção e exigiram a sua libertação imediata.
Cerca de uma hora após a sua detenção, surgiu na Internet um vídeo que pretendia ser uma prova de vida de Machado, com a duração de 20 segundos, em que esta afirmava ter sido seguida após ter saído do “fantástico comício” e ter deixado cair a mala.
Os seus assessores disseram, mais tarde, que María Corina Machado foi forçada a gravar a mensagem e que, depois disso, foi logo libertada.
Machado disse que explicará os eventos que se desenrolaram, mais detalhadamente, esta sexta-feira.
Entretanto, os apoiantes de Maduro negaram que Machado tivesse sido detida e acusaram a oposição de tentar espalhar notícias falsas com vista a gerar uma crise internacional.
“Ninguém deve ficar surpreso”, mencionou o ministro da Comunicação, Freddy Nanez. “Especialmente porque vem dos fascistas, que foram os arquitetos do truque sujo.”
Na quinta-feira, Machado dirigiu-se a centenas de apoiantes que responderam ao seu apelo para sair à rua, um dia antes de a Assembleia Nacional, controlada pelo partido no poder, prestar juramento a Maduro para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, apesar das provas credíveis de que perdeu as eleições presidenciais de 28 de julho.
“Queriam que lutássemos uns contra os outros, mas a Venezuela está unida, não temos medo”, gritou Machado do alto de um camião na capital, minutos antes de ser dada como detida.
Machado, de 57 anos, é uma ativista e antiga legisladora que tem lutado contra Maduro mesmo depois de muitos dos seus aliados entre os líderes da oposição se terem exilado face à repressão, juntando-se a um êxodo de mais de 7,7 milhões de venezuelanos que abandonaram a pátria desde 2013.
Foi então proibida pelos partidários de Maduro de se candidatar a um cargo público. Numa jogada de última hora, apoiou o desconhecido outsider, o diplomata reformado Edmundo González, que derrotou Maduro por uma margem de mais de dois para um, de acordo com os registos das máquinas de voto recolhidos pela oposição e validados por observadores internacionais.
"O facto de María Corina estar em liberdade não minimiza o que aconteceu, pois ela foi raptada em condições de violência”, afirmou González, que exigiu a sua libertação imediata após a notícia da detenção.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou, numa publicação na sua própria rede social, a Truth Social, afirmando que “estes combatentes da liberdade não devem ser feridos e DEVEM permanecer SEGUROS e VIVOS!"
González, que é reconhecido como presidente eleito por muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, tem estado numa digressão por vários países para angariar apoio à iniciativa da oposição para destituir Maduro.
O presidente eleito visitou os Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden e com o deputado Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional designado por Trump. Também visitou o Panamá e a República Dominicana.
González vive em Espanha, num exílio autoimposto, desde o início de setembro, depois de ter fugido da Venezuela após um mês de clandestinidade, quando as forças de Maduro reprimiram a dissidência.
O opositor afirma que vai continuar a lutar contra esta injustiça, juntamente com a sua parceira política, Machado, até que a vontade legítima do povo venezuelano seja cumprida e Maduro seja destituído.