O Papa Francisco lançou a sua autobiografia "Esperança". O livro partilha episódios da sua vida e as reflexões do próprio sobre as questões mais complicadas da atualidade.
O Papa Francisco fez História ao tornar-se o primeiro pontífice a publicar a narrativa da sua vida durante o exercício do cargo. Francisco escreveu "Esperança" ao longo de um período de seis anos e originalmente tencionava publicá-lo apenas após a sua morte.
Mudou de ideias em relação à publicação póstuma por acreditar que as necessidades do nosso tempo exigem que disponibilize agora os seus pensamentos sobre o seu legado e o estado do mundo.
A publicação coincide com o início de um jubileu papal. Uma ocasião que é celebrada de 25 em 25 anos no Vaticano e Francisco declarou que o tema do jubileu deste quarto de século seria "Peregrinos da Esperança", o que se enquadra no título do livro.
"Esperança" abrange os principais acontecimentos da vida de Francisco. Começa com a sua história familiar, contando como os seus anteados italianos se mudaram para a América do Sul para escapar ao regime fascista de Mussolini. O livro aborda não só as circunstâncias do seu nascimento na Argentina, mas também as raízes da sua empatia para com os que lutam contra a tirania e são forçados a migrar e a forjar uma nova vida.
Nascido como Jorge Bergoglio em Buenos Aires, em 1936, Francisco foi o primeiro sul-americano a tornar-se Papa da Igreja Católica. Depois de falar sobre a sua origem, aborda a providência que o levou a tornar-se padre jesuíta.
Tudo isto conduz ao conclave que elegeu Francisco para o trono da Santa Sé. Francisco ficou em segundo lugar no conclave de 2005, que consagrou Bento XVI.
O papado de Bento XVI terminou de forma controversa quando este abdicou do cargo, um ato até então sem precedentes na era moderna. O último Papa a renunciar ao título foi Gregório XII, em 1415.
Grande parte do tempo de Bento XVI como Papa foi marcado pelos escândalos de abuso sexual de crianças que foram revelados, pela primeira vez, durante o reinado do anterior Papa, João Paulo II.
Francisco foi eleito Papa em 2013 e trouxe uma nova abordagem. O comportamento menos formal emprestou ao seu papado uma abordagem que abriu a igreja a novos níveis de pluralismo - mostrando mais compaixão do que os antecessores para com a homossexualidade e as pessoas divorciadas, embora continuando a rejeitar a sugestão da existência de mulheres padres.
Os mais exigentes dirão que este livro não é, de facto, o primeiro livro de memórias papais de Francisco, e muito menos de qualquer outro Papa a ser publicado. No ano ado, lançou o livro de memórias "Life: A minha história através da História", que aborda momentos cruciais da sua vida, entrelaçados com acontecimentos globais, incluindo a Segunda Guerra Mundial, o regime militar argentino e a política do Vaticano.
No entanto, sendo uma autobiografia completa que pretende cobrir toda a vida do Papa de 88 anos, "Esperança" continua a ser um momento único na História da Igreja Católica. Nos últimos anos, Francisco tem recorido ao auxílio de uma cadeira de rodas, mas o seu reinado, definido por um estilo mais descontraído em relação ao público, mantém-se.
A crítica literária considera que a autobiografia de Francisco é uma história "notável" de um homem, apesar de deixar algumas coisas "frustrantemente por explicar", afirma Catherine Pepinster, para o Guardian.
Para o FT, Henry Mance observa também que, embora as omissões sejam "frustrantes", no geral o seu "entusiasmo pela interação humana é [...] surpreendentemente difícil de resistir".
Da mesma forma, o New York Times considera que o livro "recria vividamente a infância de Francisco em Buenos Aires, mas oferece poucas novidades sobre o seu papado".