{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2022/09/08/energia-devera-ser-um-bem-social-protegido" }, "headline": "Energia dever\u00e1 ser um bem social protegido?", "description": "A energia dever\u00e1 ser um bem social protegido? O tema \u00e9 analisado com um cidad\u00e3o belga, com uma fam\u00edlia de seis elementos, que viu o valor das faturas triplicar e com o secret\u00e1rio-geral da Funda\u00e7\u00e3o Europeia de Estudos Progressistas, L\u00e1szl\u00f3 Andor.", "articleBody": "O belga Quentin Spitaels tem sido confrontado, este ano, com faturas de g\u00e1s e de eletricidade que subiram em flecha.\u00a0Para manter a casa de quatro assoalhadas, perto da cidade de Namur, pagava um pouco menos de 200 euros por m\u00eas.\u00a0Esse valor subiu, agora, para 659 euros. A fam\u00edlia tem seis elementos e Quentin Spitaels considera que os apoios avan\u00e7ados pelo governo belga n\u00e3o est\u00e3o \u00e0 altura desta crise de infla\u00e7\u00e3o. \u0022N\u00e3o creio que seja suficiente dado o n\u00famero de lares que se encontram nesta situa\u00e7\u00e3o. Portanto, n\u00e3o sabemos se temos de fazer como na Gr\u00e3-Bretanha, onde existe um movimento social de pessoas que decidiram deixar de pagar as contas. Nessa altura, os pol\u00edticos ter\u00e3o de reagir de uma forma mais forte\u0022, disse\u00a0Quentin Spitaels \u00e0 euronews. O governo federal belga anunciou um plano para conter a crise social, que inclui uma tarifa de energia social para as fam\u00edlias mais pobres, a redu\u00e7\u00e3o do IVA do g\u00e1s e da eletricidade e um maior apoio \u00e0 renova\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica das casas. Apoios pontuais ou designa\u00e7\u00e3o de bem essencial? O Centro P\u00fablico de Assist\u00eancia Social (AS) - respons\u00e1vel pelo sistema de seguran\u00e7a social - iniciou uma campanha de informa\u00e7\u00e3o, nos mercados locais da capital belga (Bruxelas), sobre op\u00e7\u00f5es de ajuda que est\u00e3o dispon\u00edveis.\u00a0 Os pedidos de apoio das fam\u00edlias duplicaram e o inverno dever\u00e1 acrescentar mais nomes nas listas de cidad\u00e3os a necessitarem de ajuda. \u0022Antecipamos que v\u00e1 haver uma nova vaga de pobreza na cidade de Bruxelas e em toda a regi\u00e3o metropolitana. De facto, existem caracter\u00edsticas espec\u00edficas nesta regi\u00e3o. Temos muitos inquilinos que vivem em casas que desperdi\u00e7am muita energia porque n\u00e3o est\u00e3o devidamente isoladas ou n\u00e3o existem mecanismos para controlar o consumo\u0022, explicou Khalid Zian, presidente do AS de Bruxelas. Khalid Zian tamb\u00e9m considera as medidas do governo insuficientes e apela a uma nova regulamenta\u00e7\u00e3o do mercado europeu da energia para travar a especula\u00e7\u00e3o. \u0022Pensamos que a energia \u00e9 um bem essencial e, por isso, deve ser exclu\u00edda das leis do mercado tradicional. Precisamos de um mercado regulado onde os Estados europeus, ou mesmo a Uni\u00e3o Europeia, possam estabelecer tetos m\u00e1ximos para os pre\u00e7os\u0022, acrescentou. Entrevista ao secret\u00e1rio-geral da Funda\u00e7\u00e3o Europeia de Estudos Progressistas (FEEP),\u00a0L\u00e1szl\u00f3 Andor Sandor Zsiros/euronews: Vemos que quase todos os Estados-membros da UE tentam mitigar os efeitos da crise. Alguns est\u00e3o a aplicar uma redu\u00e7\u00e3o do IVA, outros est\u00e3o a prestar apoio aos mais vulner\u00e1veis. O que \u00e9 que est\u00e1 e n\u00e3o est\u00e1 a funcionar? L\u00e1szl\u00f3 Andor/secret\u00e1rio-geral FEEP: \u00a0Esta \u00e9 uma tarefa pesada a ser enfrentada pela seguran\u00e7a social de pa\u00edses onde esse sistema n\u00e3o \u00e9 muito forte, que ter\u00e3o de refor\u00e7ar. E este poder\u00e1 ser o momento de lan\u00e7ar novos tipos de servi\u00e7os b\u00e1sicos. Agora pode ter chegado o momento de implementar servi\u00e7os b\u00e1sicos universais que permitam controlar a situa\u00e7\u00e3o para os grupos sociais mais vulner\u00e1veis. Sandor Zsiros/euronews: Considera que o aquecimento deve ser um servi\u00e7o b\u00e1sico para os pobres? L\u00e1szl\u00f3 Andor/secret\u00e1rio-geral FEEP: \u00a0O aquecimento \u00e9 uma \u00e1rea cr\u00edtica onde \u00e9 necess\u00e1rio algum tipo de interven\u00e7\u00e3o. Pode variar de pa\u00eds para pa\u00eds. Sandor Zsiros/euronews: Algumas vozes questionam porque \u00e9 que, face \u00e0 subida dos pre\u00e7os, n\u00e3o se criam tetos indexados aos sal\u00e1rios? L\u00e1szl\u00f3 Andor/secret\u00e1rio-geral FEEP: \u00a0Isto teria de se basear no di\u00e1logo social, na reforma dos mercados de trabalho e da fixa\u00e7\u00e3o dos sal\u00e1rios. Algo que provavelmente leva tempo, mas \u00e9 de facto um ponto cr\u00edtico porque muitas pessoas acreditam que a chamada espiral de subida dos sal\u00e1rios \u00e9 um dos fatores da infla\u00e7\u00e3o. Isso n\u00e3o \u00e9 verdade. O que \u00e9 verdade \u00e9 que os sal\u00e1rios t\u00eam crescido de forma insuficiente. Sandor Zsiros/euronews: Por quanto tempo podem os governos europeus financiar estes apoios sociais? L\u00e1szl\u00f3 Andor/secret\u00e1rio-geral FEEP: \u00a0O financiamento do apoio social n\u00e3o \u00e9 necessariamente o maior problema neste momento, embora a subida das taxas de juro torne mais dif\u00edcil para os governos contra\u00edrem empr\u00e9stimos. Portanto, este pode ser tamb\u00e9m o momento em que os governos devem reformar os sistemas fiscais. Na Europa, sete ou oito pa\u00edses ainda t\u00eam um imposto fixo sobre o rendimento das pessoas singulares. Isso poderia ser revisto nexto contexto, come\u00e7ando a fazer uma tributa\u00e7\u00e3o progressiva dos rendimentos. Tal poderia ajudar a financiar as crescentes necessidades e a refor\u00e7ar os sistemas de seguran\u00e7a social.\u00a0 Sandor Zsiros/euronews:\u00a0 Isto \u00e9, devem tributar os ricos para ajudar os pobres? L\u00e1szl\u00f3 Andor/secret\u00e1rio-geral FEEP: \u00a0Foi o senhor que o disse, mas eu concordo! 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Energia deverá ser um bem social protegido?

O belga Quentin Spitaels tem sido confrontado, este ano, com faturas de gás e de eletricidade altas
O belga Quentin Spitaels tem sido confrontado, este ano, com faturas de gás e de eletricidade altas Direitos de autor U. J. Alexander/Getty Images/iStockphoto
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De Sandor Zsiros & Isabel Marques da Silva
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A energia deverá ser um bem social protegido? O tema é analisado com um cidadão belga, com uma família de seis elementos, que viu o valor das faturas triplicar e com o secretário-geral da Fundação Europeia de Estudos Progressistas, László Andor.

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O belga Quentin Spitaels tem sido confrontado, este ano, com faturas de gás e de eletricidade que subiram em flecha. Para manter a casa de quatro assoalhadas, perto da cidade de Namur, pagava um pouco menos de 200 euros por mês. Esse valor subiu, agora, para 659 euros.

A família tem seis elementos e Quentin Spitaels considera que os apoios avançados pelo governo belga não estão à altura desta crise de inflação.

"Não creio que seja suficiente dado o número de lares que se encontram nesta situação. Portanto, não sabemos se temos de fazer como na Grã-Bretanha, onde existe um movimento social de pessoas que decidiram deixar de pagar as contas. Nessa altura, os políticos terão de reagir de uma forma mais forte", disse Quentin Spitaels à euronews.

O governo federal belga anunciou um plano para conter a crise social, que inclui uma tarifa de energia social para as famílias mais pobres, a redução do IVA do gás e da eletricidade e um maior apoio à renovação energética das casas.

Apoios pontuais ou designação de bem essencial?

O Centro Público de Assistência Social (AS) - responsável pelo sistema de segurança social - iniciou uma campanha de informação, nos mercados locais da capital belga (Bruxelas), sobre opções de ajuda que estão disponíveis. 

Os pedidos de apoio das famílias duplicaram e o inverno deverá acrescentar mais nomes nas listas de cidadãos a necessitarem de ajuda.

"Antecipamos que vá haver uma nova vaga de pobreza na cidade de Bruxelas e em toda a região metropolitana. De facto, existem características específicas nesta região. Temos muitos inquilinos que vivem em casas que desperdiçam muita energia porque não estão devidamente isoladas ou não existem mecanismos para controlar o consumo", explicou Khalid Zian, presidente do AS de Bruxelas.

Khalid Zian também considera as medidas do governo insuficientes e apela a uma nova regulamentação do mercado europeu da energia para travar a especulação.

"Pensamos que a energia é um bem essencial e, por isso, deve ser excluída das leis do mercado tradicional. Precisamos de um mercado regulado onde os Estados europeus, ou mesmo a União Europeia, possam estabelecer tetos máximos para os preços", acrescentou.

Entrevista ao secretário-geral da Fundação Europeia de Estudos Progressistas (FEEP), László Andor

Sandor Zsiros/euronews: Vemos que quase todos os Estados-membros da UE tentam mitigar os efeitos da crise. Alguns estão a aplicar uma redução do IVA, outros estão a prestar apoio aos mais vulneráveis. O que é que está e não está a funcionar?

László Andor/secretário-geral FEEP: Esta é uma tarefa pesada a ser enfrentada pela segurança social de países onde esse sistema não é muito forte, que terão de reforçar. E este poderá ser o momento de lançar novos tipos de serviços básicos. Agora pode ter chegado o momento de implementar serviços básicos universais que permitam controlar a situação para os grupos sociais mais vulneráveis.

Sandor Zsiros/euronews: Considera que o aquecimento deve ser um serviço básico para os pobres?

László Andor/secretário-geral FEEP: O aquecimento é uma área crítica onde é necessário algum tipo de intervenção. Pode variar de país para país.

Sandor Zsiros/euronews: Algumas vozes questionam porque é que, face à subida dos preços, não se criam tetos indexados aos salários?

László Andor/secretário-geral FEEP: Isto teria de se basear no diálogo social, na reforma dos mercados de trabalho e da fixação dos salários. Algo que provavelmente leva tempo, mas é de facto um ponto crítico porque muitas pessoas acreditam que a chamada espiral de subida dos salários é um dos fatores da inflação. Isso não é verdade. O que é verdade é que os salários têm crescido de forma insuficiente.

Sandor Zsiros/euronews: Por quanto tempo podem os governos europeus financiar estes apoios sociais?

László Andor/secretário-geral FEEP: O financiamento do apoio social não é necessariamente o maior problema neste momento, embora a subida das taxas de juro torne mais difícil para os governos contraírem empréstimos. Portanto, este pode ser também o momento em que os governos devem reformar os sistemas fiscais. Na Europa, sete ou oito países ainda têm um imposto fixo sobre o rendimento das pessoas singulares. Isso poderia ser revisto nexto contexto, começando a fazer uma tributação progressiva dos rendimentos. Tal poderia ajudar a financiar as crescentes necessidades e a reforçar os sistemas de segurança social. 

**Sandor Zsiros/euronews:**Isto é, devem tributar os ricos para ajudar os pobres?

László Andor/secretário-geral FEEP: Foi o senhor que o disse, mas eu concordo!

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