A ajuda, recolhida junto dos doadores pela Confederação Nacional das Misericórdias de Itália, partiu a bordo de um avião militar C-130J de um aeródromo da cidade de Pisa.
As misericórdias italianas enviaram para Gaza 15 toneladas de ajuda humanitária para serem distribuídas pela população civil.
"Continuaremos a fazer tudo o que for possível para aliviar o sofrimento da população de Gaza. A Itália não esquece aqueles que sofrem", afirmou o ministro da Defesa, Guido Crosetto, num post no X.
O avião aterrará primeiro no aeroporto de Larnaca, em Chipre, e a ajuda será transferida de lá para Gaza por via marítima.
A ajuda será enviada para a Faixa de Gaza através do Corredor Marítimo de Chipre, uma iniciativa do Governo cipriota em coordenação com as Nações Unidas e parceiros internacionais como a União Europeia.
Espera-se que a ajuda chegue ao porto israelita de Ashdod. Há muito que Israel é criticado por impedir o fluxo de ajuda para Gaza, facto que sempre negou.
Na quinta-feira, o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU afirmou que, "só nos últimos dois dias, foram bloqueadas seis tentativas de entregar assistência vital às áreas sitiadas na província de Gaza Norte".
O gabinete afirmou que 79% da população de Gaza está sob ordens activas de evacuação, o que complica a distribuição de ajuda, e acusou Israel de usar a fome como arma de guerra.
Israel nega estar a obstruir a ajuda
A COGAT, a agência israelita que acompanha e regista toda a ajuda transferida para Gaza, afirma que a ajuda está a entrar na Faixa de Gaza, principalmente através dos pontos de agem de Kerem Shalom, Erez e Kissufim. A agem de Kissufim foi aberta à entrega de ajuda na terça-feira.
De acordo com os dados publicados no sítio Web do COGAT, mais de 1,1 milhões de toneladas de ajuda entraram em Gaza desde o início da guerra, em outubro do ano ado. Israel acusa o Hamas de impedir a entrega de ajuda ou de a roubar para a vender.
"Num momento de tão profundo sofrimento para a população de Gaza, sentimos o dever moral de dar um contributo concreto à comunidade local", afirmou o presidente das Misericórdias, Domenico Giani.
"A crise humanitária em Gaza exige um empenhamento constante e coordenado da comunidade internacional. É necessário atuar não só para responder às necessidades imediatas, como a distribuição de ajuda alimentar, mas também para abordar as causas profundas do conflito e promover uma solução duradoura que garanta os direitos humanos e a segurança de todos os cidadãos."
No início deste ano, o Governo italiano lançou a sua iniciativa "Food for Gaza" com uma doação inicial de 12 milhões de euros.
Esta iniciativa, liderada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano em conjunto com os principais intervenientes humanitários, como o Programa Alimentar Mundial e a Cruz Vermelha, tem por objetivo reforçar a colaboração e facilitar o o à assistência alimentar, a fim de aliviar o sofrimento da população e melhorar a segurança alimentar na Faixa de Gaza.
Há meses que se registam protestos em toda a Itália, exigindo um cessar-fogo em Gaza e criticando o Governo italiano por continuar a exportar armas para Israel.
A Itália, considerada o terceiro maior fornecedor estrangeiro de armas a Israel, a seguir aos EUA e à Alemanha, garantiu, na sequência dos atentados de 7 de outubro, que deixaria de fornecer armas a Israel.
Mas em março deste ano, o Ministério da Defesa italiano reconheceu que as encomendas assinadas antes de 7 de outubro tinham sido entregues durante a guerra, apesar da lei italiana que proíbe a exportação de armas letais para países em guerra.
"Após o início das operações em Gaza, o governo suspendeu imediatamente todas as novas licenças de exportação e todos os acordos assinados depois de 7 de outubro não foram aplicados", disse a primeira-ministra Giorgia Meloni ao Senado, na terça-feira.
"Gostaria de recordar que a política italiana de bloqueio total de todas as novas licenças é muito mais restritiva do que a aplicada pelos nossos parceiros - França, Alemanha e Reino Unido. Estes parceiros continuam a efetuar avaliações caso a caso, incluindo para novas licenças. Nós bloqueámos tudo".