O presidente ucraniano avisou que as suas brigadas não estão equipadas para enfrentar a Rússia e que só a continuação do apoio dos EUA e da Europa permitirá a Kiev prevalecer.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, descreveu na quinta-feira uma proposta húngara de trégua de Natal e troca de prisioneiros como "não séria" e "relações públicas políticas". Reiterou ainda os apelos aos aliados ocidentais para que forneçam ao país devastado pela guerra garantias de segurança e armas adicionais.
Zelenskyy disse aos jornalistas em Bruxelas, após ter informado os líderes da União Europeia sobre os últimos desenvolvimentos na linha da frente, que teve conhecimento da proposta húngara "através dos meios de comunicação social".
Viktor Orbánanunciou na ada sexta-feira, durante o discurso semanal à nação, que a Hungria tinha apresentado uma proposta para que "durante o Natal, ninguém morresse na linha da frente", citando um precedente durante a Primeira Guerra Mundial.
A iniciativa húngara também se estendia a uma "troca de prisioneiros em grande escala", disse Orbán, afirmando que "uma parte aceitou-a e a outra aparentemente rejeitou-a".
Mas Zelenskyy, que não falou com Orbán durante a visita a Bruxelas, disse que "com todo o respeito pelo povo húngaro, pela Hungria e pelo tratamento dos refugiados ucranianos, o primeiro-ministro húngaro não tem um mandato pessoal para organizar negociações e a sua relação com Putin é um pouco quente demais para colocar Putin no seu lugar". A troca de prisioneiros "parece uma ação política de relações públicas", acrescentou Zelenskyy.
Até à data, a Ucrânia conseguiu o regresso de 3500 dos seus cidadãos detidos pelas forças russas, tendo Zelenskyy afirmado que este regresso representa "um desafio muito importante".
"Nós fazemos trocas de prisioneiros e o que é sugerido pelo lado húngaro parece-me algo dentro do espírito do Natal. Mas nós estamos com pouco espírito de Natal", disse Zelenskyy. "Não se pode discutir nada, não se pode resolver nada sem a participação da Ucrânia, porque a guerra está a decorrer no nosso território, por isso estou um pouco cético em relação a esta iniciativa", acrescentou.
Zelenskyy afirmou ainda que, no que respeita à questão da trégua, a Ucrânia só entrará num cessar-fogo se tiver garantias de segurança: "Quando falamos de cessar-fogo, em qualquer conflito, em qualquer guerra, as pessoas sabem o que vai acontecer depois, como deve terminar. É preciso ter em mente o que vai acontecer amanhã para criar um cessar-fogo hoje, caso contrário estamos apenas a congelar o conflito", disse o presidente ucraniano.
Zelenskyy quer Trump do seu lado
"Queremos acabar com a guerra, queremos paz, queremos uma paz estável e é evidente que a Rússia não está interessada nisso", acrescentou. A última garantia de segurança seria a adesão à NATO, disse Zelenskyy, sublinhando que as garantias europeias por si só "não serão suficientes para a Ucrânia".
Zelenskyy apelou aos EUA e à UE para que se mantenham unidos no seu apoio ao país devastado pela guerra e disse que espera ter tempo para discutir "mais pormenores sobre a guerra" com Donald Trump, quando este regressar à Casa Branca a 20 de janeiro: "O Presidente Trump é um homem forte e quero muito tê-lo do nosso lado", disse.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, foi descrito como "louco": "Penso que ele é louco e sabe que é louco", disse Zelenskyy. "Ele adora matar, isso é muito perigoso para toda a gente e eu quero muito que Trump nos ajude a acabar com esta guerra".
Zelenskyy também pediu mais sistemas de defesa aérea, em particular para proteger as centrais nucleares e outras infraestruturas energéticas que a Rússia tem deliberadamente como alvo. Zelenskyy também enumerou os caças, mísseis, munições e outras armas como sendo desesperadamente necessários. "Temos brigadas não equipadas", disse aos jornalistas.