As Polícias Nacionais espanhola e sa levaram a cabo uma operação conjunta que resultou no desmantelamento de uma rede criminosa dedicada ao tráfico de seres humanos entre os dois países. Esta ação policial, apoiada pela EUROPOL, culminou com a detenção de 19 indivíduos.
A organização criminosa operava através de um sistema sofisticado que começava em várias estações ferroviárias espanholas, principalmente em Barcelona, Almeria e Alicante. Nestes pontos estratégicos, os membros da rede identificavam e avam migrantes irregulares, principalmente do Magrebe, da África subsariana e do Médio Oriente.
A estrutura criminosa tinha uma clara distribuição de funções entre os seus membros. Os recrutadores estavam encarregados de localizar pessoas em situação irregular com a intenção de se mudarem para França. Posteriormente, os motoristas eram responsáveis pelo transporte terrestre até Perpignan, cobrando entre 150 e 200 euros por pessoa a partir de Barcelona, com tarifas mais elevadas a partir de locais mais distantes.
Para garantir o sucesso das suas operações, a organização utilizava veículos "vaivém" que iam à frente dos transportes de migrantes, alertando-os para os postos de controlo da polícia e indicando rotas secundárias mais seguras. Um aspeto notável do seu modelo de negócio era a otimização dos recursos, uma vez que também recrutavam migrantes que desejavam regressar de França para Espanha durante as viagens de regresso.
Mais de 1 700 migrantes introduzidos clandestinamente em quase 500 operações
De acordo com os dados fornecidos pela Europol, a rede criminosa apanhava os migrantes perto das estações de comboio na Catalunha e transportava-os para a cidade sa de Marselha. A organização funcionava com uma estrutura bem definida, em que cada membro tinha um papel específico: recrutar migrantes, gerir o transporte ou fornecer alojamento temporário.
A rede cobrava entre 150 e 250 euros por migrante, consoante o ponto de partida e o destino final. Os investigadores documentaram que, entre maio de 2023 e agosto de 2024, a organização realizou mais de 500 operações de introdução clandestina de migrantes, transportando cerca de 1700 migrantes para França. Estas actividades teriam gerado um volume de negócios estimado entre 250.000 e 427.000 euros.
Investigação, colaboração e detenções
A investigação começou quando as autoridades sas alertaram a Espanha através do Oficial de Ligação da Polícia Nacional Espanhola em França. Esta colaboração transfronteiriça permitiu identificar uma sucursal da organização estabelecida em território espanhol, composta por indivíduos de diferentes nacionalidades.
A operação final foi realizada de forma coordenada nos dois países, com 19 buscas domiciliárias simultâneas: 14 em França e 5 nas cidades espanholas de Barcelona e La Junquera. Durante estas buscas, as forças policiais apreenderam um barco a motor, dinheiro, substâncias estupefacientes e documentação relevante para a investigação.
O resultado desta operação conjunta foi a detenção de 19 pessoas: 15 em França e 4 em Espanha, repartidas pelas províncias de Barcelona (2), Girona (1) e Córdova (1). Todos os detidos foram colocados em prisão preventiva enquanto prossegue a investigação sobre as suas actividades criminosas relacionadas com a promoção da imigração ilegal.