{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2023/11/14/luta-contra-abuso-sexual-infantil-na-net-sem-vigilancia-em-massa-diz-pe" }, "headline": "Luta contra abuso sexual infantil na Net sem \u0022vigil\u00e2ncia em massa\u0022, diz PE", "description": "O Parlamento Europeu adoptou, ter\u00e7a-feira, a posi\u00e7\u00e3o sobre o projeto de lei para combater o abuso sexual infantil na Internet, apelando a que as novas regras da UE sejam equilibradas do ponto de vista da privacidade e evitem a \u0022vigil\u00e2ncia em massa\u0022.", "articleBody": "A posi\u00e7\u00e3o da comiss\u00e3o da Justi\u00e7a e dos Assuntos Internos foi adotada com os votos de 51 dos 54 votos membros sobre a proposta coordenada pelo relator Javier Zarzalejos, eurodeputado espanhol de centro-direita, que descreveu o tema como \u0022sens\u00edvel, complexo e controverso\u0022. Esta posi\u00e7\u00e3o dever\u00e1 ser votada em\u00a0 sess\u00e3o plen\u00e1rio, na pr\u00f3xima semana, antes do in\u00edcio das negocia\u00e7\u00f5es com os governos dos 27 Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia (UE). A proposta da Comiss\u00e3o Europeia, em maio de 2022, defendia a utiliza\u00e7\u00e3o de tecnologias emergentes para analisar mensagens encriptadas em plataformas digitais tais como o Whatsapp, a fim de detetar e remover material de abuso sexual de crian\u00e7as (CSAM). Essa ideia desencadeou pol\u00e9mica \u00a0e\u00a0op\u00f4s grupos de ativistas da defesa da privacidade dos utilizadores da Internet aos defensores dos direitos das crian\u00e7as. A comiss\u00e1ria europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, enviou uma carta a defender-se de\u00a0\u00a0 alega\u00e7\u00f5es de influ\u00eancia indevida. Um dos lados defende que a an\u00e1lise de mensagens encriptadas sem qualquer motivo seria uma viola\u00e7\u00e3o grave dos direitos fundamentais e que a tecnologia pode n\u00e3o etsar suficientemente amadurecida para identificar as mensagens criminosas sem criar falsos alarmes sobre conte\u00fados legais. O compomisso entre dois direitos O projeto de compromisso do Parlamento Europeu obriga as plataformas digitais a atenuarem os riscos de utiliza\u00e7\u00e3o dos servi\u00e7os para praticar crimes de abuso sexual\u00a0 e aliciamento de crian\u00e7as\u00a0 na Internet.\u00a0 Tal a por permitir que as autoridades judiciais emitam as chamadas \u0022ordens de dete\u00e7\u00e3o\u0022 \u00e0s plataformas digitais, obrigando-as a utilizar tecnologias emergentes - como a chamada fun\u00e7\u00e3o hash perp\u00e9tua - para detetar material de abuso sexual de crian\u00e7as. \u00a0Mas, ao contr\u00e1rio da proposta da Comiss\u00e3o Europeia, estas ordens ter\u00e3o de ser muito espec\u00edficas sobre o alvo, limitadas no tempo e utilizadas como \u0022\u00faltimo recurso\u0022, sempre que existam \u0022motivos razo\u00e1veis de suspeita\u0022. 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Num parecer negativo sobre a proposta, publicado em maio ado, o Servi\u00e7o Jur\u00eddico do Conselho da UE manifestou \u0022s\u00e9rias preocupa\u00e7\u00f5es jur\u00eddicas\u0022 sobre as ordens de dete\u00e7\u00e3o e a sua potencial \u0022interfer\u00eancia grave nos direitos fundamentais\u0022, tal como consagrados na legisla\u00e7\u00e3o da UE. O projeto de posi\u00e7\u00e3o do Parlamento Europeu solicita que as comunica\u00e7\u00f5es cifradas sejam exclu\u00eddas do \u00e2mbito de aplica\u00e7\u00e3o das ordens de dete\u00e7\u00e3o. A tecnologia CSS p\u00f5e em risco a \u0022integridade e a confidencialidade\u0022 das comunica\u00e7\u00f5es cifradas, diz o texto de compromisso. Os eurodeputados tamb\u00e9m limitaram, significativamente, o \u00e2mbito das ordens de dete\u00e7\u00e3o a ordens emitidas por tribunais em situa\u00e7\u00f5es de suspeita razo\u00e1vel. O grupo europeu de defesa dos direitos digitais EDRi, que se op\u00f4s firmemente \u00e0 proposta da Comiss\u00e3o, congratulou-se com o compromisso do Parlamento Europeu. \u0022Os eurodeputados reconheceram, com raz\u00e3o, que ningu\u00e9m estar\u00e1 seguro em linha se a UE quebrar a encripta\u00e7\u00e3o\u0022, afirmou Ella Jakubowska, conselheira pol\u00edtica s\u00e9nior da EDRi. \u0022Este \u00e9 um o fundamental para garantir que a regulamenta\u00e7\u00e3o da Internet se baseia em provas e na realidade jur\u00eddica e t\u00e9cnica, e n\u00e3o em promessas de empresas de Intelig\u00eancia Artificial\u0022, acrescentou Jakubowska. Mas os defensores dos direitos das crian\u00e7as acusaram o Parlamento de falta de vis\u00e3o ao diluir as ambi\u00e7\u00f5es da proposta da Comiss\u00e3o Europeia. 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O aliciamento pode ar despercebido Para combater o aliciamento de menores em linha, os eurodeputados apelaram a que os servi\u00e7os digitais destinados a crian\u00e7as exijam o consentimento do utilizador para mensagens n\u00e3o solicitadas, tenham op\u00e7\u00f5es de bloqueio e silenciamento e reforcem o controlo parental. A Comiss\u00e3o Europeia queria ir mais longe, utilizando modelos lingu\u00edsticos baseados em intelig\u00eancia artificial para detetar padr\u00f5es de comportamento que pudessem constituir aliciamento de crian\u00e7as, a fim de apanhar os predadores em linha. \u0022Decidir contra a dete\u00e7\u00e3o de aliciamento significa que desistimos da possibilidade de evitar que danos futuros aconte\u00e7am em primeiro lugar\u0022, considera a EAT. 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Luta contra abuso sexual infantil na Net sem "vigilância em massa", diz PE

O relator Javier Zarzalejos (à esquerda) após a votação na comissão LIBE sobre o estabelecimento de regras para prevenir e combater o abuso sexual de crianças
O relator Javier Zarzalejos (à esquerda) após a votação na comissão LIBE sobre o estabelecimento de regras para prevenir e combater o abuso sexual de crianças Direitos de autor Emilie GOMEZ/ European Union 2023 - Source : EP
Direitos de autor Emilie GOMEZ/ European Union 2023 - Source : EP
De Mared Gwyn Jones & Isabel Marques da Silva (Trad.)
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O Parlamento Europeu adoptou, terça-feira, a posição sobre o projeto de lei para combater o abuso sexual infantil na Internet, apelando a que as novas regras da UE sejam equilibradas do ponto de vista da privacidade e evitem a "vigilância em massa".

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A posição da comissão da Justiça e dos Assuntos Internos foi adotada com os votos de 51 dos 54 votos membros sobre a proposta coordenada pelo relator Javier Zarzalejos, eurodeputado espanhol de centro-direita, que descreveu o tema como "sensível, complexo e controverso".

Esta posição deverá ser votada em  sessão plenário, na próxima semana, antes do início das negociações com os governos dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE).

A proposta da Comissão Europeia, em maio de 2022, defendia a utilização de tecnologias emergentes para analisar mensagens encriptadas em plataformas digitais tais como o Whatsapp, a fim de detetar e remover material de abuso sexual de crianças (CSAM).

Essa ideia desencadeou polémica e opôs grupos de ativistas da defesa da privacidade dos utilizadores da Internet aos defensores dos direitos das crianças. A comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, enviou uma carta a defender-se de  alegações de influência indevida.

Um dos lados defende que a análise de mensagens encriptadas sem qualquer motivo seria uma violação grave dos direitos fundamentais e que a tecnologia pode não etsar suficientemente amadurecida para identificar as mensagens criminosas sem criar falsos alarmes sobre conteúdos legais.

O compomisso entre dois direitos

O projeto de compromisso do Parlamento Europeu obriga as plataformas digitais a atenuarem os riscos de utilização dos serviços para praticar crimes de abuso sexual  e aliciamento de crianças  na Internet. 

Trata-se de encontrar o equilíbrio certo entre a proteção das crianças e, em simultâneo, proporcionar um quadro jurídico em que a privacidade e a proteção de dados sejam asseguradas.
Javier Zarzalejos
Eurodeputado, centro-direita, Espanha

Tal a por permitir que as autoridades judiciais emitam as chamadas "ordens de deteção" às plataformas digitais, obrigando-as a utilizar tecnologias emergentes - como a chamada função hash perpétua - para detetar material de abuso sexual de crianças.

 Mas, ao contrário da proposta da Comissão Europeia, estas ordens terão de ser muito específicas sobre o alvo, limitadas no tempo e utilizadas como "último recurso", sempre que existam "motivos razoáveis de suspeita".

Em declarações à Euronews após a votação, o relator Javier Zarzalejos assegurou que o Parlamento Europeu conseguiu fazer o equilíbrio entre a proteção das crianças na Internet e a proteção do direito fundamental à privacidade digital.

"Trata-se de encontrar o equilíbrio certo entre a proteção das crianças e, em simultâneo, proporcionar um quadro jurídico em que a privacidade e a proteção de dados sejam asseguradas", disse. 

"Tem algumas complexidades do ponto de vista jurídico, mas também em termos da intrusividade das tecnologias que devem ser utilizadas para detetar e remover material de abuso sexual de crianças", explicou, ainda.

"Este equilíbrio foi alcançado. E penso que o amplo apoio que este dossiê obteve é muito revelador do espírito de compromisso e da importância que todos os grupos políticos atribuíram a esta proposta", referiu o eurodeputado.

O Parlamento Europeu também apoiou a proposta de criação de um Centro Europeu de Proteção da Criança para ajudar a implementar as novas regras, em colaboração com as autoridades nacionais competentes e a Europol (agência europeia de polícia).

O centro ajudará a desenvolver tecnologias de deteção, conduzir investigações e aplicar multas às plataformas, sempre que necessário.

Os eurodeputados propõem, também, a criação de um novo fórum consultivo para garantir que as vozes das vítimas sejam ouvidas.

"O Centro Europeu será extremamente importante enquanto instituição central e, pela primeira vez, as vítimas e os sobreviventes serão reconhecidos num fórum consultivo no âmbito do Centro Europeu. Por isso, penso que, no cômputo geral, este dossiê irá fornecer as ferramentas necessárias para ser juridicamente sólido e, ao mesmo tempo, eficaz", afirmou Zarzalejos.

Ordens de deteção "direcionadas"

As ordens de deteção, muito contestadas, que agora foram incluídas na proposta, obrigariam os serviços de mensagens digitais a utilizar a tecnologia de scanning do lado do cliente (CSS) para aceder às mensagens cifradas dos utilizadores.

Num parecer negativo sobre a proposta, publicado em maio ado, o Serviço Jurídico do Conselho da UE manifestou "sérias preocupações jurídicas" sobre as ordens de deteção e a sua potencial "interferência grave nos direitos fundamentais", tal como consagrados na legislação da UE.

O projeto de posição do Parlamento Europeu solicita que as comunicações cifradas sejam excluídas do âmbito de aplicação das ordens de deteção. A tecnologia CSS põe em risco a "integridade e a confidencialidade" das comunicações cifradas, diz o texto de compromisso.

Os eurodeputados também limitaram, significativamente, o âmbito das ordens de deteção a ordens emitidas por tribunais em situações de suspeita razoável.

O grupo europeu de defesa dos direitos digitais EDRi, que se opôs firmemente à proposta da Comissão, congratulou-se com o compromisso do Parlamento Europeu.

"Os eurodeputados reconheceram, com razão, que ninguém estará seguro em linha se a UE quebrar a encriptação", afirmou Ella Jakubowska, conselheira política sénior da EDRi.

"Este é um o fundamental para garantir que a regulamentação da Internet se baseia em provas e na realidade jurídica e técnica, e não em promessas de empresas de Inteligência Artificial", acrescentou Jakubowska.

Contraria frontalmente as expetativas dos cidadãos europeus e, mais criticamente, mina ativamente a segurança das nossas crianças nos espaços digitais. É uma decisão que favorece a burocracia em detrimento do bem-estar das crianças.
Amy Crocker
Diretora de proteção infantil e tecnologia, EAT

Mas os defensores dos direitos das crianças acusaram o Parlamento de falta de visão ao diluir as ambições da proposta da Comissão Europeia. De acordo com a EAT International - uma plataforma global para acabar com a exploração sexual de crianças - limitar as ordens de deteção a suspeitos específicos permitirá que os criminosos continuem a abusar sob o radar da aplicação da lei.

Amy Crocker, diretora de proteção infantil e tecnologia da EAT, disse que o projeto de posição do Parlamento é "um retrocesso alarmante para a segurança das crianças em linha".

"Contraria frontalmente as expetativas dos cidadãos europeus e, mais criticamente, mina ativamente a segurança das nossas crianças nos espaços digitais. É uma decisão que favorece a burocracia em detrimento do bem-estar das crianças", acrescentou.

O aliciamento pode ar despercebido

Para combater o aliciamento de menores em linha, os eurodeputados apelaram a que os serviços digitais destinados a crianças exijam o consentimento do utilizador para mensagens não solicitadas, tenham opções de bloqueio e silenciamento e reforcem o controlo parental.

A Comissão Europeia queria ir mais longe, utilizando modelos linguísticos baseados em inteligência artificial para detetar padrões de comportamento que pudessem constituir aliciamento de crianças, a fim de apanhar os predadores em linha.

"Decidir contra a deteção de aliciamento significa que desistimos da possibilidade de evitar que danos futuros aconteçam em primeiro lugar", considera a EAT.

Um relatório publicado, em outubro, pela WeProtect Global Alliance sugere que as plataformas de jogos sociais estão a tornar-se novos ambientes perigosos para a interação entre adultos e crianças, onde as conversas podem evoluir para situações de aliciamento de alto risco em apenas 19 segundos, com um tempo médio de aliciamento de 45 minutos.

Mas, de acordo com Zarzalejos, novas medidas de mitigação de risco para as plataformas ajudarão a proteger as crianças desses perigos.

"Deixem-me esclarecer que o aliciamento é abrangido pelo âmbito de aplicação do regulamento. Haverá medidas de mitigação especialmente destinadas a evitar o aliciamento. A única alteração que acordámos foi retirar o aliciamento da auditoria de deteção", acrescentou o eurodeputado.

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