Para aumentar o número de reservistas, os jovens belgas de 18 anos receberão em breve cartas que os informarão sobre o serviço militar voluntário, na sequência de uma iniciativa recentemente anunciada nos Países Baixos.
O ministro da Defesa da Bélgica, Theo Francken, quer aumentar o número de reservistas do país de cerca de 6.600 para 20.000 e, para isso, espera recrutar jovens para o serviço militar voluntário.
Na sequência de uma iniciativa semelhante recentemente anunciada nos Países Baixos, os jovens de 18 anos começarão a receber, ainda este ano, cartas para os encorajar a alistarem-se no exército.
A Bélgica tem atualmente um limite de 6.000 reservistas, um número que já foi ultraado.
Francken diz que têm existido muitos pedidos, mas que todos os programas de formação estão cheios e que não há instrutores suficientes para responder a um aumento da procura pelo serviço militar.
O plano de Francken permitiria a entrada de mais 500 reservistas através do serviço militar voluntário a partir de 2026. A partir de 2027, este número aumentaria para 1.000 por ano.
O objetivo a por recrutar cerca de 5.600 reservistas até 2029.
Os que optarem por aderir ao serviço militar, fá-lo-ão pelo período de um ano e receberão cerca de 2.000 euros por mês, de acordo com o salário de um soldado em início de carreira. Os que decidirem não se juntar ao exército após esse ano, serão obrigados a permanecer na reserva durante 10 anos.
Uma iniciativa neerlandesa baseada no modelo sueco
Os Países Baixos confirmaram, no final de março, que pretendem mais do que duplicar os seus efetivos militares de 70.000 para 200.000 até 2030.
Os jovens de 17 anos serão convidados a preencher um inquérito numa base voluntária, mas este ato poderá vir a tornar-se obrigatório. Na Suécia, já é obrigatório que os jovens de 17 anos preencham um inquérito exaustivo sobre as suas capacidades, motivações e afinidade com a defesa.
O exército neerlandês já oferece aos jovens entre os 18 e os 27 anos a possibilidade de experimentarem uma carreira militar durante um ano, o chamado “ano de serviço”.
O secretário de Estado da Defesa dos Países Baixos, Gijs Tuinman, espera que o inquérito incentive mais pessoas a aderir.
Matthias, de 18 anos, começou o seu serviço militar voluntário no exército neerlandês em outubro.
“Não tinha a certeza se esta profissão seria para mim, por isso optei pelo ano de serviço para poder experimentar durante um ano”, referiu. Com o treino diário, a aprendizagem de primeiros socorros em contexto de combate e a vida no quartel, a semana de Matthias segue o mesmo ritmo que a de um soldado de carreira.
“As pessoas querem contribuir, mas não têm noção do que significa fazer parte do exército”, destaca Erik Noordam, capitão-tenente do exército neerlandês.
"O limiar para se candidatar a um contrato de longa duração é bastante elevado. O ano de serviço abre essa porta", acrescentou. “O ano de serviço é uma forma muito simples de experimentar as forças armadas.”
"Em 2022, após a invasão russa da Ucrânia, tornou-se subitamente claro que a defesa precisava de crescer. Foi nessa altura que se tornou muito mais urgente", sublinhou Noordam.
“E foi também nessa altura que decidimos criar o ano de serviço.”